Ucrânia desafia Rússia com navio de carga no Mar Negro

Ucrânia desafia Rússia com navio de carga no Mar Negro

Moscou ameaçou afundar estas embarcações depois de abandonar o acordo que permitia a exportação de grãos ucranianos

AFP

publicidade

A Ucrânia anunciou, nesta quarta-feira (16), que um primeiro navio de carga comercial deixou o porto de Odessa por um novo corredor marítimo, desafiando a Rússia. Moscou ameaçou afundar estes navios depois de abandonar o acordo que permitia a exportação de grãos ucranianos.

O navio "Joseph Schulte", com bandeira de Hong Kong, começou - segundo a Ucrânia - a navegar pelo Mar Negro, apesar de um novo bombardeio noturno contra depósitos de grãos e cereais no Danúbio, na região de Odessa (sul).

"O porta-contêineres 'Joseph Schulte' (...) saiu do porto de Odessa e navega ao longo do corredor temporário estabelecido para navios civis", anunciou o ministro ucraniano de Infraestruturas, Oleksandr Kubrakov, em um comunicado.

No dia 10 de agosto, a Ucrânia anunciou a abertura de corredores "temporários" no Mar Negro - controlado em grande parte pela Marinha russa - para permitir o trânsito dos navios que transportam os grãos do país.

No fim de semana, um navio de guerra russo disparou tiros de advertência contra um cargueiro que se dirigia para Izmail, porto do Danúbio.

Este porto tornou-se uma das principais rotas de saída dos produtos agrícolas ucranianos desde que Moscou encerrou, em meados de julho, o acordo sobre a exportação de grãos e cereais, fonte de renda para Kiev.

Na terça-feira à noite, o Exército russo atacou infraestruturas portuárias no Danúbio com drones.

"Como resultado de ataques inimigos em um dos portos do Danúbio, depósitos de grãos foram danificados", anunciou o governador regional de Odessa, Oleg Kiper.

Nesta quarta-feira, a Romênia condenou os novos ataques russos às infraestruturas portuárias do Danúbio, depois de vários ataques às portas deste país da Otan nas últimas semanas.

As forças ucranianas anunciaram que derrubaram 13 drones durante a noite nas regiões de Odessa e Mykolaiv.

O governador da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko, informou na manhã desta quarta-feira que as forças russas mataram quatro pessoas e feriram sete na região nas últimas 24 horas.

"A ofensiva continua" 

A Ucrânia anunciou a libertação de uma localidade da frente sul, onde se concentra a maior parte do esforço da sua difícil contraofensiva para liberar os territórios ocupados pela Rússia, iniciada em junho.

"Urozhaine foi libertada. Nossos defensores estão entrincheirados nos arredores. A ofensiva continua", disse a vice-ministra da Defesa, Ganna Maliar.

Localizada em uma zona limítrofe com as regiões de Zaporizhzhia e Donetsk, parcialmente ocupada pela Rússia, Urozhaine - cuja população antes da guerra era de cerca de 1.000 habitantes - faz parte de um grupo de localidades que as forças ucranianas tentaram libertar nas últimas semanas. Sua reconquista era esperada para o fim de semana.

Na segunda-feira, a Ucrânia já havia reivindicado alguns avanços no leste e no sul de seu território, especialmente em torno de Bakhmut.

Mas os avanços permanecem modestos após dois meses de combates. O Exército ucraniano também enfrenta dificuldades no nordeste, perto de Kupiansk.

A Rússia, por sua vez, afirma que as tropas ucranianas ficaram sem recursos e que sua contraofensiva fracassou, apesar da ajuda dos Estados Unidos e dos países da União Europeia.

"Os recursos militares da Ucrânia estão quase esgotados", disse o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu.

A Ucrânia insiste que sua contraofensiva avança metodicamente contra as linhas de defesa russas em trincheiras, campos minados e armadilhas antitanque.

O território russo fronteiriço com a Ucrânia é alvo de ataques ucranianos, vários deles com drones, alguns dos quais chegaram a Moscou.

Uma pessoa morreu e outras duas ficaram feridas na terça-feira em um bombardeio ucraniano na região russa de Belgorod, afirmou o governador regional Vyacheslav Gladkov nesta quarta-feira.

A Rússia também enfrenta dificuldades na área econômica. Sua moeda desvalorizou consideravelmente, a inflação aumentou e o comércio externo despencou, principalmente nas vendas de petróleo, como resultado das medidas restritivas adotadas pelos países ocidentais.

Depois de muita hesitação, o Banco Central russo finalmente decidiu aumentar a taxa básica de juros de 8,5% para 12%.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895