Ucrânia prepara retirada de soldados da Crimeia e decide deixar CEI

Ucrânia prepara retirada de soldados da Crimeia e decide deixar CEI

Kiev decidiu estabelecer a obrigação de visto para os cidadãos russos

AFP

Ucrânia prepara retirada de soldados da Crimeia e decide deixar CEI

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A Ucrânia anunciou nesta quarta-feira que está preparando a retirada de seus soldados da Crimeia, onde forças pró-russas ocuparam duas bases da Marinha ucraniana, consolidando o controle da Rússia sobre essa província.

Além disso, em resposta à anexação da Crimeia à Rússia, Kiev decidiu estabelecer a obrigação de visto para os cidadãos russos e deixar a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que reúne 11 ex-repúblicas soviéticas.

Nesse clima de tensão crescente, Kiev também deu um prazo de três horas para que as autoridades da Crimeia libertem o chefe de sua Marinha, capturado nesta quarta por forças pró-russas durante a ocupação da sede das forças navais ucranianas em Sebastopol.

O presidente ucraniano interino, Olexander Turchynov, "deu ao poder autoproclamado da Crimeia três horas para libertar todos os reféns", entre eles, o almirante Serguii Gaiduk, e ameaçou adotar "medidas adequadas" de represálias, segundo um comunicado.

São "reféns militares e civis", indica a nota, sem especificar seu número, ou sua identidade. As bases militares ucranianas na Crimeia estão cercadas há várias semanas pelas forças russas e pró-Moscou.

Paralelamente, a Ucrânia prepara um plano para a retirada dos militares e de seus familiares, anunciou o secretário do Conselho de Segurança Nacional e da Defesa, Andrii Parubii.

Foi Parubii que anunciou que o Ministério das Relações Exteriores ficou encarregado de introduzir um regime de vistos com a Rússia e que a Ucrânia iniciou o processo para saída da CEI.

Essa medida tem uma importância principalmente simbólica, mas também significa que a Ucrânia, um grande país industrial e agrícola, tenta se distanciar ainda mais da zona de influência russa.

Em contrapartida, a introdução de vistos pode - sobretudo se Moscou responder da mesma maneira - prejudicar milhares de ucranianos que têm parentes ou que trabalham na Rússia.

Esta quarta-feira foi marcada pela ocupação da sede da Marinha ucraniana na cidade de Sebastopol e de uma base naval no Oeste da Crimeia, enquanto que as primeiras consequências econômicas da anexação pela Rússia começam a atingir a península.

Na terça, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um tratado histórico com as autoridades separatistas, anexando a península à Rússia. O Tribunal Constitucional russo validou por unanimidade o tratado de anexação.

G7 estuda exclusão da Rússia
No plano internacional, o G7, cujos líderes se reunirão na segunda-feira em Haia, tentam chegar a um acordo sobre uma resposta de impacto às ações da Rússia, mas descartando sanções econômicas que possam afetar seus próprios interesses.

Nesse sentido, deverão discutir a "expulsão permanente da Rússia" do G8, segundo o primeiro-ministro britânico, David Cameron.

No terreno, os partidários de Moscou, apoiados por soldados russos, passaram para a ofensiva.
Eles anunciaram a captura do chefe da Marinha ucraniana, Serguii Gaiduk, após desalojarem a sede da Marinha no porto de Sebastopol.

"Estava bloqueado e não tinha para onde ir. Foi forçado a sair e levaram-no", disse à imprensa Igor Yeskin, representante das tropas russas no local.

Uma agência de notícias local, a Kryminform, afirmou que Gaiduk foi conduzido para a sede da Procuradoria para interrogatório sobre a ordem enviada de Kiev, autorizando os soldados ucranianos a utilizar suas armas.

Jornalistas da AFP viram os soldados ucranianos deixando o edifício. Um dos homens tinha os olhos cheio de lágrimas, enquanto a bandeira russa era hasteada em substituição da ucraniana.

Poucas horas depois, outro grupo das forças pró-Rússia na Crimeia atacou a base Sul da Marinha ucraniana em Novoozerne, oeste da península, derrubando o portão com um trator, segundo o porta-voz do Ministério ucraniano da Defesa.

O subcomandante da base declarou à AFP por telefone que homens das milícias pró-russas entraram no edifício primeiro, seguidos por um grupo de mulheres e crianças. Os soldados russos chegaram atrás.

A passagem da Crimeia para o controle da Rússia, já ilustrada pela chegada do rublo e pela "nacionalização" companhias públicas ucranianas, começa a impactar a economia da península.

O maior banco ucraniano, o PrivatBank, anunciou o fim de todas as suas atividades na Crimeia, "em razão da incerteza sobre o status jurídico do sistema bancário da península".

Todas as agências permaneceram fechadas nesta quarta-feira, e multidões se aglomeravam em frente a outros estabelecimentos da região que haviam adotado, na véspera, o rublo como moeda oficial.

Se o avanço institucional russo está praticamente concluído com a aprovação por unanimidade da incorporação da península da Crimeia à Rússia, muitos problemas ainda precisam ser resolvidos.

O mais urgente é o das bases ucranianas. 

O governo de Kiev ordenou a seus militares que permaneçam na Crimeia.
Na terça-feira, um militar ucraniano e um miliciano pró-Moscou morreram em uma tentativa de ataque contra uma unidade militar ucraniana em Simferopol, a capital regional. Esse episódio levou Kiev a autorizar oficialmente seus soldados presentes na península a usarem suas armas para se defender.

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