Ucrânia reivindica novos avanços militares e Rússia promete recuperar territórios perdidos

Ucrânia reivindica novos avanços militares e Rússia promete recuperar territórios perdidos

Exército russo reconheceu parcialmente suas derrotas ao publicar mapas que ilustram os êxitos mais recentes da contraofensiva ucraniana

AFP

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A Ucrânia reivindicou nesta quarta-feira (5) novas vitórias militares na região de Lugansk (leste), até agora controlada quase por completo pela Rússia, que prometeu recuperar os territórios perdidos dentro das regiões ucranianas anexadas. "Agora é oficial. A desocupação da região de Lugansk começou. Várias cidades já foram libertadas do exército russo e as Forças Armadas ucranianas estão hasteando a bandeira", disse o governador ucraniano da região, Serguei Gaidai, no Telegram.

A Ucrânia já havia reivindicado na terça-feira avanços no norte da região de Kherson (sul). Além disso, quase toda a região de Kharkiv (nordeste) está novamente sob controle ucraniano. Isto pode abrir caminho para a libertação de Lugansk, reduto dos separatistas instalados por Moscou desde 2014.

Após um mês de reveses militares e do anúncio da mobilização de centenas de milhares de reservistas, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta quarta-feira a lei que oficializa a anexação das regiões ucranianas de Lugansk e Donetsk (também no leste), Kherson e Zaporizhzhia (sul), como partes da Federação Russa. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que os territórios serão russos "para sempre" e prometeu que Moscou vai recuperar as áreas perdidas.

Há alguns dias, Putin prometeu que usaria todos os meios disponíveis para defender as zonas anexadas, inclusive armas nucleares, mas isto não impediu o avanço da contraofensiva ucraniana nem as entregas de armas pelos países ocidentais.

Na terça-feira, o exército russo reconheceu parcialmente suas derrotas ao publicar mapas que ilustram os êxitos mais recentes da contraofensiva ucraniana. As imagens mostram que a Rússia perdeu uma parte inteira da região norte de Kherson e que recuou em quase toda a margem leste do rio Oskil, a última zona da região de Kharkiv que ainda controlava.

"Não haverá boas notícias"

Autoridades da ocupação russa afirmaram, no entanto, que a retirada russa no sul era tática e temporária. "O reagrupamento no fronte nas condições atuais permite reunir forças e dar um golpe nas tropas ucranianas", disse Kirill Stremooussov, designado comandante em Kherson, à agência russa Ria Novosti.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou na terça-feira que apenas esta semana as tropas do país libertaram "dezenas de localidades" nas quatro regiões anexadas pela Rússia. A retirada de Kharkiv permite às forças ucranianas levar os combates mais para o leste, até a região de Lugansk.

Embora as autoridades russas tentem minimizar os reveses, os correspondentes de guerra da imprensa russa enfatizam sua magnitude e muitos analistas pró-Kremlin criticam o exército russo."Não haverá boas notícias no futuro próximo. Nem da frente de Kherson, nem da frente de Lugansk", comentou Alexander Kots, do jornal Komsomolskaïa Prava.

"Seguir adiante"

Perto de Lyman, um centro ferroviário estratégico na região de Donetsk retomado por Kiev no fim de semana passado, um paraquedista ucraniano declarou à AFP que ele e seus colegas estão "esgotados", mas decididos a continuar.

Oleksandre, 31 anos, paraquedista da mesma unidade, afirmou que os combates são "muito duros", mas que os soldados "devem seguir adiante". Ele disse que não teme a chegada de reforços russos após a mobilização anunciada por Vladimir Putin de centenas de milhares de reservistas para tentar conter a espiral de derrotas.

"Não importa quantos sejam, na realidade não querem lutar contra nós", disse o soldado. 

A mobilização russa tem sido caótica. O exército russo convocou pessoas não aptas e muitos cidadãos optaram por fugir do país. Na frente diplomática, o presidente americano Joe Biden anunciou na terça-feira um novo envio de equipamentos militares para a Ucrânia, no valor de 625 milhões de dólares. Isto inclui quatro novos sistemas de lança-foguetes Himars, potentes e muito apreciados pelos ucranianos.

E a União Europeia (UE) chegou a um acordo nesta quarta-feira para uma nova série de sanções contra instituições e personalidades russas. E Moscou exigiu participar na investigação sobre os vazamentos no gasoduto Nord Stream, depois que a Suécia, responsável pela investigação, bloqueou o acesso à área da suposta sabotagem no Mar Báltico.

A Rússia insinua que o governo dos Estados Unidos estaria por trás da sabotagem dos gasodutos que são cruciais para o fornecimento de energia da Europa, enquanto o Ocidente suspeita de Moscou. 


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