Ucranianos hábeis e criativos trabalham para ajudar seu Exército

Ucranianos hábeis e criativos trabalham para ajudar seu Exército

Metalúrgico, em troca de um modesto salário, coloca suas habilidades a serviço da causa nacional: derrotar o inimigo russo

AFP

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Uma metralhadora pesada será montada em uma caminhonete militar para ser transformada em um sistema antidrones artesanal. Na cidade industrial de Kryvyi Rig, no sul da Ucrânia, a criatividade se une à perícia para ajudar o Exército ucraniano. O protótipo foi confeccionado por um metalúrgico, que em troca de um modesto salário, coloca suas habilidades a serviço da causa nacional: derrotar o inimigo russo.

Em Kryvyi Rig, a poucos quilômetros da frente sul, "temos a competência, o material e não nos faltam ideias", garante Serguéi Bondarenko, um dirigente local da defesa territorial ucraniana, que acompanha a criação do projeto. O protótipo não tem nada de revolucionário, mas até agora não havia nada similar no arsenal ucraniano, que em sua maioria data da época soviética, quando os drones faziam parte da ficção científica, segundo explica.

Há várias semanas, a Rússia lançou ataques com drones 'kamikazes' iranianos nas principais cidades do sul, em especial Kryvyi Rig, especialmente à noite ou ao amanhecer, aterrorizando a população.

"Feito à mão"

"O comandante da brigada disse: 'Precisamos de uma solução. Temos metralhadoras e isso é tudo'", disse Bondarenko.

Como a metralhadora pode alcançar alvos a seis quilômetros de distância - muito mais que a altura alcançada por drones - o militar espera que suprirá os fuzis antidrones e outros sistemas de defesa aérea de preços proibitivos, os quais sua unidade não possui.

Na Ucrânia, "o que é feito à mão é muito apreciado", explica. "Podemos fabricar 'motanka' (boneca de pano) ou metralhadoras. Podemos fazer 'rvyshyvankas' (bordados) e matar centenas de russos".

Ievguen, de codinome "Barsuk", dirige um caminhão Mercedes de pelo menos 30 anos, onde foi instalado um sistema artesanal de lança-foguetes.

Algumas de suas peças são de lançadores russos destruídos pelo exército ucraniano. Uma pequena viga serve de torre. Os foguetes variam entre tchecos e italianos.

Unidos com os "defensores"

"Nos viramos com o que temos", garante Barsuk, que participou de sua construção. "Se não contarmos com nós mesmo, ninguém vai nos ajudar" disse.

Desde a invasão russa de 24 de fevereiro, toda a Ucrânia está unida com seus "defensores". Civis doam carros e salários, algumas empresas cedem seus caminhões, que logo aparecem camuflados ou militarizados.

Os "veículos modificados ucranianos" não tem um "impacto decisivo" no conflito, mas permitem "intimidar os russos", o que é importante, considera Pierre Grasser, investigador associado ao laboratório Sirice-Sorbonne em Paris. "Geram simpatia, representam a mobilização de todo um país".

Vitali Brizgalov se dedica à construção de pequenos veículos('buggies') para o Exército. Em sua pequena garagem, cerda de dez funcionários trabalham em chassis e motores.

Cerca de 30 'buggies' produzidos no local já estão em combates. O custo total destes carros, com motor de Ladas antigos, é de cerca de dois mil dólares, enquanto um veículo civil deste tipo custa até dez vezes mais.

Com muita habilidade, os militares logo acoplam os lança-mísseis sobre estes veículos, como mostra Brizgalov em seu telefone.

"Faço o que for possível para ajudar nossos soldados a vencer".


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