UE apoia adesão da Ucrânia em reunião de cúpula em Kiev

UE apoia adesão da Ucrânia em reunião de cúpula em Kiev

País é oficialmente candidato à adesão ao bloco desde junho de 2022

AFP

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Os principais líderes da União Europeia (UE) expressaram nesta sexta-feira (3) apoio ao processo de adesão da Ucrânia durante uma reunião de cúpula em Kiev, em pleno conflito com a Rússia, que intensificou a ofensiva no leste da ex-república soviética. A reunião tem as presenças da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

"Nós os apoiaremos em cada passo do caminho em sua jornada para a UE", escreveu Michel no Twitter ao desembarcar em Kiev, onde as sirenes de ataque aéreo foram acionadas durante a madrugada, uma recordação do risco permanente de que Moscou volte a atacar a capital ucraniana.

A Ucrânia é oficialmente candidata à adesão ao bloco desde junho de 2022, um processo árduo que exige muitas reformas e pode demorar anos, mas que o governo ucraniano espera acelerar.

O presidente Zelensky afirmou na quinta-feira que o país merece iniciar "este ano" as negociações de adesão à UE.

"Cada passo para uma integração maior da Ucrânia à UE é uma fonte de inspiração para nosso povo", declarou, antes de insistir na necessidade de intensificar a pressão internacional sobre a Rússia.

Von der Leyen afirmou que a UE trabalha em novas sanções contra a Rússia para 24 de fevereiro, quando a invasão completa um ano. Ela não revelou detalhes dos planos para o 10º pacote de sanções, mas afirmou que Moscou deve "pagar pela destruição que provocou".

Ela disse que as sanções adotadas até o momento provocaram um retrocesso da economia russa de "uma geração". E destacou que o teto ao preço das exportações de petróleo russo a 60 dólares o barril custa a Moscou 160 milhões de euros (174 milhões de dólares) por dia.

Temor de ofensiva

No domingo entrará em vigor um embargo europeu aos produtos petrolíferos russos refinados exportados por via marítima, uma medida "negativa que desequilibrará ainda mais" os mercados, de acordo com uma declaração do Kremlin nesta sexta-feira.

Além disso, o governo ucraniano deseja que os ativos russos congelados nos países ocidentais sejam utilizados para financiar sua reconstrução, uma medida que provocaria vários problemas jurídicos.

A Rússia anunciou nesta sexta-feira que "nacionalizou" 500 bens e ativos que pertencem a empresários e bancos ucranianos na Crimeia, península que Moscou anexou em 2014. E afirmou que parte da receita ser usada para financiar a intervenção militar na Ucrânia.

"Os parlamentares da Crimeia aprovaram (um projeto de lei) para a nacionalização dos ativos dos oligarcas ucranianos, ativos de bancos e fábricas", anunciou o Parlamento regional instaurado por Moscou.

Após uma série reveses humilhantes nos últimos meses, o Kremlin mobilizou centenas de milhares de reservistas e aumentou os ataques terrestres, em particular no leste do país.

As forças russas registraram algumas vitórias no campo de batalha ao redor de Bakhmut, uma localidade que tentam conquistar há mais de seis meses.

Em Kramatorsk, também no leste, onde vários edifícios foram alvos de um ataque na quarta-feira, as autoridades encontraram na quinta-feira o corpo de uma nova vítima, o que eleva a quatro o número de vítimas fatais, além de 18 feridos.

O primeiro aniversário do conflito se aproxima e a Ucrânia teme que Moscou esteja preparando um novo ataque de grandes dimensões

"A Rússia está concentrando suas força, todos sabemos. Quer se vingar da Ucrânia e também da Europa", afirmou Zelensky na quinta-feira.

O Ocidente finalmente concordou em enviar tanques pesados à Ucrânia, incluindo tanques Leopards alemães, Abrams americanos e Challengers britânicos, após um longo período de hesitação pelo temor de uma escalada no conflito.

Mas Kiev não recebeu os mísseis de alta precisão com alcance de mais de 100 km que considera necessários para atingir as linhas de abastecimento russas.

As promessas de entrega de tanques irritaram Moscou, que apresenta a invasão da Ucrânia como uma operação para evitar que os ocidentais destruam a Rússia.

Durante uma cerimônia para celebrar o 80º aniversário da vitória soviética em Stalingrado, o presidente russo, Vladimir Putin, traçou um paralelo entre a ofensiva contra a Ucrânia e a Segunda Guerra Mundial.

"É incrível que os tanques alemães voltem a nos ameaçar", declarou Putin em Volgogrado (ex-Stalingrado, sudoeste do país), antes de concluir: "Temos com que responder".


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