Um ano após ataque, Charlie Hebdo terá capa com deus assassino

Um ano após ataque, Charlie Hebdo terá capa com deus assassino

Edição especial de aniversário de atentado vai circular na quarta-feira

AFP

Edição especial terá seleção de desenho dos cartunistas que morreram no ataque

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Em memória do atentado de 7 de janeiro do ano passado, o semanário satírico francês "Charlie Hebdo" publica nesta quarta-feira um número especial, que trará na capa a charge de um deus barbudo, com um Kalashnikov e com a veste ensanguentada. O título traz a mensagem "1 ano depois, o assassino ainda corre". A edição especial, com 32 páginas, terá uma seleção de desenhos dos cartunistas que morreram no ataque e dos que integram atualmente a redação, além mensagens de apoio.

O número terá uma tiragem de quase um milhão de exemplares, e vários deles serão enviados para diferentes países. Entre os colaboradores externos, estão a ministra francesa da Cultura, Fleur Pellerin; atrizes, como Isabelle Adjani, Charlotte Gainsbourg e Juliette Binoche; intelectuais, como Élisabeth Badinter, a bengalesa Taslima Nasreen e o americano Russell Banks; e o músico Ibrahim Maalouf.

O cartunista Riss, atual diretor do veículo, gravemente ferido na carnificina que deixou 12 mortos, assina um editoral com uma ferrenha defesa da laicidade e denuncia os "fanáticos alienados pelo Alcorão" e "devotos de outras religiões" que queriam a morte da publicação por "ousar rir do religioso". 

Apesar da sobrevivência do Charlie, “sentimo-nos numa solidão gritante. Queríamos que outros fizessem sátira”, comenta o chargista Eric Portheault. “Ninguém se juntou a nós neste combate porque é perigoso. As pessoas podem morrer”.

"As convicções dos ateus e dos laicos podem mover mais montanhas do que a fé dos crentes", escreve. Hoje, o semanário tem tiragem de cerca de 100.000 exemplares em bancas e, destes, pelo menos 10.000 são distribuídos no exterior. A revista conta com 183.000 assinantes.

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