Unasul segue o Mercosul e suspende Paraguai até eleições de 2013

Unasul segue o Mercosul e suspende Paraguai até eleições de 2013

Blocos consideram anti-democrático o impeachment de Fernando Lugo no país

AFP

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A Unasul seguiu a decisão do Mercosul e os dois maiores blocos de países sul-americanos, suspenderam o Paraguai nesta sexta-feira. O país ficará fora das atividades do bloco até as eleições de abril de 2013 por causa do impeachment de Fernando Lugo, em duas resoluções adotadas em cúpulas celebradas na cidade argentina de Mendoza.

"Chefas e chefes de Estado da Unasul também resolveram suspender o Paraguai até que se restabeleça a ordem democrática deste país", enfatizou o chanceler argentino Héctor Timerman após a cúpula da Unasul. O mecanismo de ação política regional é integrado por 12 países sul-americanos, inclusive o Paraguai, suspenso.

Ao mesmo tempo, o Mercosul, bloco comercial formado por Brasil, Argentina e Uruguai, além do suspenso Paraguai, aprovou a incorporação da Venezuela como quinto sócio pleno do bloco a partir de 31 de julho. A declaração assinada pelos presidentes justificou a inclusão da Venezuela nos "princípios de gradualidade, flexibilidade, equilíbrio, reconhecimento das assimetrias e do tratamento diferenciado, nos termos do protocolo (de fundação) de Ouro Preto".

"É um dia histórico, é preciso celebrá-lo, 29 de junho, dia para a história da integração (...) É uma lição de ética, uma lição de política verdadeira para estes enclaves autoritários que ainda restam na América Latina", disse o presidente venezuelano, Hugo Chávez, em declarações ao canal Telesul.

Os presidentes da região criticaram duramente o julgamento político sumário realizado no Senado paraguaio contra Lugo, que o acusou de "mau desempenho de suas funções". O ingresso da Venezuela no Mercosul estava travado precisamente no Senado paraguaio, pois é obrigatório que o ingresso de um novo sócio pleno seja aprovado pelos respectivos parlamentos, uma decisão já adotada pelos legislativos de Brasil, Argentina e Uruguai.

Kirchner, que entregou a presidência pró-tempore do bloco a Dilma Rousseff, disse que o Mercosul não aplicará sanções econômicas ao novo governo paraguaio de Federico Franco. O Paraguai destina 55% de suas exportações às outras nações do bloco, especialmente ao Brasil, segundo o Banco Central paraguaio.

Antes de que o Mercosul decidisse a suspensão do Paraguai, Franco disse esta sexta-feira que se o bloco adotasse esta medida, seu governo ficaria liberado para procurar acordos e relações com outros países. A suspensão do Paraguai do Mercosul se baseou na cláusula democrática do Tratado de Usuhaia I de 1998. Nenhum representante do novo governo de Franco participou da cúpula do Mercosul e tampouco da da Unasul, e Lugo tampouco esteve no encontro de Mendoza.

Após a decisão do Mercosul, Lugo disse esta sexta-feira, em Assunção, que o bloco decidiu "castigar a classe política que produziu uma quebra da ordem democrática, salvaguardando que nenhuma medida econômica que prejudique o povo paraguaio será tomada". Além de Kirchner e Dilma, participaram da cúpula do Mercosul o presidente José Mujica (Uruguai), assim como os presidentes de nações associadas como Sebastián Piñera (Chile), Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia).


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