United cede à pressão e se desculpa, 48h após retirar passageiro à força
Esta é a segunda polêmica envolvendo a companhia em um mês
publicidade
"Apresento minhas mais sinceras desculpas ao passageiro que foi retirado brutalmente do avião. Ninguém deveria ser tratado desse jeito", afirmou o CEO Oscar Munoz, em um comunicado, classificando o episódio como "realmente horrível". "Quero que saibam que assumimos total responsabilidade e vamos trabalhar para fazer a coisa certa", continuou.
Os advogados do passageiro David Dao, de 69, disseram que ele continuava hospitalizado e ainda não dará declarações. O mea-culpa de Munoz é bem diferente do tom inicialmente adotado em uma carta enviada, na madrugada de terça, aos funcionários da empresa. A United é uma das três grandes do setor aéreo americano.
Na correspondência aos funcionários, ele chegou a chamar o passageiro, um médico de origem vietnamita que mora há vários anos nos EUA, de "perturbador e agressivo". Esse comunicado causou revolta nas redes sociais e afetou a empresa na Bolsa. Nesta terça-feira, a ação da United perdeu mais de 1%, cerca de US$ 250 milhões de capitalização financeira. A Casa Branca lamentou o episódio "infeliz".
"Claramente, quando você vê o vídeo, é preocupante ver como tudo isso foi administrado", afirmou o porta-voz da Presidência americana, Sean Spicer. Andy Holdsworth, especialista em gerenciamento de crise na empresa britânica Bell Pottinger, considerou o incidente como "um desastre em matéria de relações públicas".
Dos Estados Unidos à China, passando pela Europa e pela América Latina, o episódio provocou reações indignadas e convocações de boicote, depois que vários vídeos gravados por outros passageiros circularam on-line. Nele, um homem é arrastado pelo corredor da aeronave, puxado pelo pescoço. Seu rosto aparece sangrando, depois que sua cabeça bateu no braço do assento, do qual foi retirado à força pela polícia do aeroporto.
Nesta terça-feira, o Departamento americano dos Transportes abriu uma investigação "para determinar se a companhia aérea respeitou as regras en matéria de overbooking". A United se comprometeu a conduzir uma investigação interna para avaliar e rever como suas equipes administram situações de "overbooking" nos aeroportos e sua política de indenização. As conclusões devem ser publicadas em 30 de abril.
Esta é a segunda polêmica envolvendo a companhia em um mês. Em março, a United proibiu duas adolescentes de embarcarem, em Denver, porque usavam "leggings".