Venezuela e Paraguai restabelecem relações diplomáticas após quatro anos de ruptura

Venezuela e Paraguai restabelecem relações diplomáticas após quatro anos de ruptura

Chancelaria paraguaia avaliou que pode "contribuir para o processo de diálogo democrático"

AFP

Eleições na Venezuela seguem sob escrutínio internacional

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Venezuela e Paraguai concordaram em restabelecer as relações diplomáticas e consulares, após uma pausa de quatro anos, quando o governo do então presidente Mario Abdo Benítez questionou a reeleição de Nicolás Maduro. "Depois de conversas entre os presidentes Nicolás Maduro e Santiago Peña, ambos os mandatários decidiram restabelecer as relações diplomáticas e consulares entre ambas as nações", salientou nota divulgada pelos respectivos Ministérios das Relações Exteriores, nesta quarta-feira.

A acreditação dos embaixadores dos dois países ocorrerá "nos próximos dias". A retomada das relações era uma ideia que ambos os presidentes vinham considerando desde a eleição de Peña, em abril. Maduro chegou a telefonar para Peña para parabenizá-lo pela eleição, e ambos concordaram com um retorno "no curto prazo".

Em entrevista em agosto, o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez, disse que o Paraguai abriria uma embaixada em Caracas, em um prazo adequado. "O Paraguai tem as condições de contribuir para o processo de diálogo democrático na Venezuela. Esse é o objetivo que vamos perseguir lá", afirmou Ramírez à época.

O Paraguai rompeu relações com a Venezuela em janeiro de 2019, ao rejeitar a reeleição do presidente Nicolás Maduro, em um momento em que a maioria dos países latino-americanos, assim como Estados Unidos e União Europeia, dizia não reconhecer a validade das eleições em que ele foi reeleito. A embaixada do Paraguai foi fechada em Caracas em decorrência da medida.

Além de considerar a reeleição de Maduro resultado de um processo "ilegítimo", Abdo Benítez deu seu apoio e reconhecimento ao oposicionista Juan Guaidó. Em uma estratégia para tentar derrubar Maduro, este último se autoproclamou "presidente interino" com o apoio do Parlamento, então dominado pela oposição.

Quatro anos depois, e após o fracasso da estratégia da oposição, a figura de "presidente interino" assumida por Guaidó desapareceu por acordo do mesmo grupo de oposição que o apoiou. Com essa formalização, o Paraguai se soma à lista de países que retomaram suas relações com a Venezuela, após a chegada de novos governos, incluindo Colômbia, em agosto de 2022, e Brasil, em maio deste ano.

Na América Latina, apenas Guatemala, El Salvador e Equador mantém suas relações rompidas com a Venezuela. Os Estados Unidos continuam não reconhecendo o mandato de Maduro, embora ambos os governos tenham feito uma aproximação, por interesses ligados ao petróleo. "Ambas as partes se comprometeram a reiniciar as relações bilaterais com total respeito pelos princípios fundamentais da igualdade de direitos, da autodeterminação dos povos, da não ingerência nos assuntos internos de outros Estados e da solidariedade", acrescenta o texto.

Na "nova etapa de renovado relançamento", Maduro e Peña convergem em seu "interesse em promover a boa convivência" entre os dois países para permitir "consolidar as boas relações entre os Estados e preservar a amizade natural e a solidariedade entre os nossos povos".


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