Venezuelanos escolhem prefeitos, e partido de Maduro deve consolidar hegemonia
Esta é a última votação antes da eleição presidencial de 2018, na qual Maduro buscará reeleição
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Com a crise econômica, o ceticismo marca o dia da votação para a escolha de 335 prefeitos, que terão mandatos de quatro anos. Atualmente, os chavistas governam 242 municípios e a oposição 76. Os demais são administrados por dissidentes ou independentes.
Para a maior parte de população, no entanto, votar não resolve os grandes problemas do país, como a hiperinflação, que segundo analistas se aproxima de 2.000% este ano. Após um aumento de 30% no mês passado, o salário mínimo é suficiente apenas para três quilos de carne, em meio a uma profunda escassez de alimentos, remédios e produtos básicos.
Apesar da crise, o caminho dos candidatos de Maduro está livre, depois que os três partidos que dominam a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) se recusaram a participar do processo. Os partidos de Henrique Capriles, Leopoldo López - em prisão domiciliar - e Henry Ramos Allup se afastaram depois que denunciaram irregularidades nas eleições de 15 de outubro, nas quais o chavismo venceu 18 dos 23 governos do país.
Mas outros movimentos e líderes estão na disputa por conta própria, o que aumentou as divisões em uma oposição que nas eleições passadas mobilizou dois milhões de pessoas a menos que em 2015, quando conquistou uma grande vitória nas legislativas.
Analistas consideram inviável que a oposição consiga manter metade de suas prefeituras, em consequência das deserções e da pressão da máquina chavista. A previsão é que o governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) aumentará sua fatia de poder. Luis Vicente León, presidente do instituto Datanálisis, adverte para um "cenário demolidor" para a oposição. "Não acontecerá uma grande abstenção que deslegitime o processo, nem um triunfo relevante dos que disputam", disse.
As eleições municipais não costumam registrar um elevado nível de participação. Em 2013 a taxa foi de 42%. A MUD está concentrada na eleição presidencial, prevista para o fim de 2018, mas que segundo líderes opositores e analistas pode ser antecipada para o primeiro trimestre.
Garantir condições justas é a prioridade da coalizão nas negociações iniciadas com o governo na semana passada, que também dividem a MUD. epois de superar os protestos que exigiam sua saída e que deixaram 125 mortos entre abril e julho, Maduro - apoiado pelos militares - conseguiu a eleição de uma Assembleia Constituinte que atua com poderes absolutos, integrada apenas por governistas. Não reconhecida por vários governos, a Constituinte ampliou o vasto poder institucional de Maduro.