Violência e protestos ofuscam visita do chefe do Pentágono a Israel

Violência e protestos ofuscam visita do chefe do Pentágono a Israel

Em Tel Aviv,, manifestantes foram as ruas contra o governo de Netanyahu; na Cisjordânia três palestinos foram mortos

AFP

Protestos nas ruas de TelAviv em Israel

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O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, visita Israel nesta quinta-feira (9), eum dia marcado pelo prosseguimento da violência na Cisjordânia, com palestinos mortos, e de protestos contra o governo de direita Benjamin Netanyahu.

Uma grande manifestação em Tel Aviv para protestar contra um polêmico plano de reforma judicial do governo provocou uma mudança de última hora na visita de Austin, que não deixará o aeroporto Ben Gurion. Poucas horas antes do desembarque do chefe do Pentágono, a violência voltou a explodir na Cisjordânia, onde três militantes palestinos foram mortos por policiais israelenses infiltrados. O ministério da Saúde palestino informou que os três homens morreram na localidade de Jaba, perto da conturbada cidade de Jenin. Um comunicado os identificou como Sufian Fakhoury (26 anos), Nayef Malaysha (25) e Ahmed Fashafsha (22).

A polícia israelense afirmou que as forças especiais, com o apoio de soldados, estavam em Jaba para deter suspeitos de atirar contra militares na região. Dois dos três mortos pertenciam ao movimento palestino Jihad Islâmica, afirmou a polícia em um comunicado. "Durante a operação, tiros foram disparados contra os oficiais infiltrados da polícia de fronteira a partir do carro dos homens procurados", indicou a força de segurança. Os agentes "responderam com tiros e mataram três homens armados no carro", acrescentou a nota oficial. "Armas e artefatos explosivos foram encontrados no veículo". O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, elogiou as forças de segurança por terem "eliminado os terroristas desprezíveis que abriram fogo contra nossos defensores". O grupo Jihad Islâmica condenou Israel em um comunicado pelo que chamou de "cruel assassinato" em Jaba.

Ciclo de violência

A operação aconteceu poucas horas antes da visita de Austin, que foi deslocada do ministério da Defesa para o aeroporto Ben Gurión a pedido do governo de Israel, informou o assessor de imprensa do Pentágono, Pat Ryder. Uma fonte do governo americano afirmou que os israelenses expressaram "preocupação com os protestos planejados para as proximidades da sede do ministério em Tel Aviv.

Os manifestantes usaram seus veículos para bloquear as avenidas ao redor do aeroporto antes da chegada de Austin. De acordo com um correspondente da AFP, a polícia não conseguiu liberar as rodovias. Os motoristas usaram as buzinas e gritavam palavras como "democracia" ou "liberdade" no caminho que o primeiro-ministro Netanyahu deveria utilizar para embarcar em um voo com destino a uma visita oficial a Roma.

No centro de Tel Aviv, centenas de pessoas com bandeiras de Israel começaram a protestar antes do meio-dia, observadas por vários policiais. O país registra nove semanas de protestos consecutivos contra o projeto de reforma judicial que daria mais poder aos políticos sobre os tribunais. As manifestações reuniram dezenas de milhares de pessoas que consideram o plano uma ameaça à democracia.

O novo governo de Benjamin Netanyahu, considerado o mais à direita na história de Israel, também enfrenta uma violência crescente na Cisjordânia desde que chegou ao poder em dezembro. O conflito matou 75 palestinos desde o início do ano, incluindo combatentes e civis. Treze pessoas morreram em Israel, incluindo integrantes das forças de segurança e civis. Os balanços foram elaborados pela AFP com base em fontes oficiais dos dois lados. "Estamos no meio de um ciclo de violência que deve ser interrompido imediatamente", afirmou na quarta-feira o enviado da ONU para a Paz no Oriente Médio, o diplomata norueguês Tor Wennesland.

Na terça-feira, uma operação israelense no campo de refugiados de Jenin para deter o suposto assassino de dois colonos terminou com seis palestinos mortos após confrontos violentos. O ministério palestino da Saúde informou nesta quinta-feira que um adolescente de 14 anos atingido por tiros se tornou a sétima vítima fatal da operação, durante a qual os israelenses chegaram a usar lança-foguetes portáteis. Analistas temem uma escalada ainda maior do conflito ao redor dos locais sagrados de Jerusalém durante o mês de jejum muçulmano do Ramadã, que começa no fim de março, e a Páscoa judaica, no início de abril.

 


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