Xi Jinping e Putin fortalecem laços bilaterais em encontro em Pequim

Xi Jinping e Putin fortalecem laços bilaterais em encontro em Pequim

Líderes mostram uma frente unida em meio a um tenso impasse com o Ocidente

AE

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Os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, se encontraram nesta sexta-feira, 4, em Pequim em uma cúpula logo antes dos Jogos Olímpicos de Inverno. Os líderes mostram uma frente unida em meio a um tenso impasse com o Ocidente sobre a mobilização de tropas russas perto da Ucrânia.

A cúpula marca o primeiro encontro presencial com outro líder estrangeiro em mais de dois anos para Xi, que permaneceu na China durante toda a pandemia de covid-19. Putin abriu a reunião dizendo que chegou a Pequim com um novo contrato para fornecer 10 bilhões de metros cúbicos de gás natural por ano para a China.

"Nossos petroleiros prepararam novas soluções muito boas para o fornecimento de hidrocarbonetos à República Popular da China", disse o líder russo em comentários televisionados.

Putin e Xi planejam adotar um pacote de medidas, incluindo iniciativas intergovernamentais e comerciais, e Moscou disse ter "mais de 15 contratos e acordos na pasta preparada para esta visita". Os dois líderes também planejam continuar a cooperação nas áreas de energia atômica, tecnologia, agricultura e transporte, além de outras áreas.

Oposição ao avanço da Otan

Em nota, as duas nações expressaram oposição ao avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e exortou a aliança a abandonar a postura "ideologizada da Guerra Fria" e respeitar a "soberania, interesse e segurança" de outros países.

O texto não cita nominalmente as tensões recentes na Ucrânia, mas os comentários lembram críticas que Pequim e Moscou costumam fazer contra o Ocidente. Nas últimas semanas, o Kremlin concentrou cerca de 100 mil soldados na fronteira e os Estados Unidos têm alertado para o risco de invasão.

Os signatários ressaltam que "certos países, alianças políticas e militares" buscam obter vantagens militares unilaterais em detrimento da segurança global, com o uso de "práticas de competição injustas", agravamento da rivalidade geopolítica e do antagonismo, entre outros.

Taiwan

As duas potências também reafirmam apoio à reivindicação de que Taiwan é "parte inalienável" da China e oposição aos esforços de independência da ilha. O território insular tem administração própria desde a Guerra Civil encerrada no final da década de 1940.

"Os lados se opõem à formação de estruturas de blocos fechados e campos opostos na região da Ásia-Pacífico e permanecem altamente vigilantes sobre o impacto negativo da estratégia Indo-Pacífico dos Estados Unidos na paz e estabilidade na região", afirmam, em aparente referência aos esforços de Washington de formar uma esfera de influência na região, com a formação do grupo conhecido como Quad, que inclui Índia, Japão e Austrália.

Os países ainda reforçam objeção ao que consideram tentativas de forças externas de "minar a segurança e a estabilidade em suas regiões comuns adjacentes" e dizem que pretendem se contrapor à interferência estrangeira em assuntos internos e a "revoluções coloridas" - termo que se refere a onda de manifestações pela derrubada de governos antiamericanos e substituição por autoridades pró-Ocidente.

Rússia e China dizem ver com preocupação a parceria trilateral conhecida como Aukus, de Austrália, EUA e Reino Unido, em particular a intenção de cooperar na área de submarinos nucleares. Criticam ainda os planos do Japão de lançar água contaminada da usina nuclear de Fukushima no oceano.

"Os lados pretendem defender fortemente os resultados da Segunda Guerra Mundial e a ordem mundial existente no pós-guerra, defender a autoridade das Nações Unidas e a justiça nas relações internacionais, resistir às tentativas de negar, distorcer e falsificar a história da Segunda Guerra Mundial", destacam.


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