Zelaya diz que vai cumprir seu mandato até o fim
Presidente deposto de Honduras critica Lobo e afirma manter elo com Lula
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Alguns quilos mais magro após quase três meses de isolamento na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, diz que sua única certeza é que vai cumprir o mandato até o fim. Um dia após a tentativa frustrada de sair do país, Zelaya afirmou em entrevista ao R7 que não reconhece o presidente eleito na semana passada, Porfírio Lobo Sosa, e atacou o governo golpista por ter não permitido que ele voasse para o México.
Nesta quinta-feira, um avião do governo mexicano chegou a voar até Honduras, mas não foi autorizado pelas autoridades golpistas a pousar. O governo de Roberto Micheletti negou um salvo-conduto para o líder deposto seguir até o aeroporto, deixando mais longa a estadia de Zelaya na missão diplomática do Brasil. Micheletti somente permitirá a saída de Zelaya na condição de asilado político - o que, na prática, significa que ele teria que renunciar ao cargo. Zelaya nega essa possibilidade.
O presidente deposto disse que tem falado com Sosa e que está em contato permanente com o presidente Lula e o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. Sobre o que fará a partir de 27 de janeiro, quando acaba seu mandato e Porfirio Lobo, eleito nas eleições do dia 27 de novembro, toma posse, Zelaya disse que terá a resposta apenas nessa data.
As informações são do R7.
Confira os principais trechos da entrevista:
R7 - Quais são seus planos daqui para a frente, uma vez que foi eleito um novo presidente e não houve autorização das autoridades golpistas para o senhor. deixar Honduras e viajar ao México?
Manuel Zelaya - Todo mundo me faz a mesma pergunta. Eu só tenho a dizer que vou cumprir o meu mandato, o mandato que o povo me deu, o mandato que vai até dia 27 de janeiro.
R7 - E a partir de 27 de janeiro, o que o senhor vai fazer?
Zelaya - Bem... esta pergunta eu tenho de esperar até essa data para te responder. O que eu quero deixar claro é que os princípios que eu defendo são princípios que não tem tempo nem espaço. São princípios democráticos, de quem não aceita que um governo legítimo seja derrubado por um golpe de Estado. Além disso, o governo de fato não cumpriu com um acordo que foi firmado pelas duas partes. Eu vou seguir sempre defendendo esses princípios e neste momento não se tratam de datas e questões de tempo.
R7 - O senhor tem falado com Porfírio Lobo, o presidente eleito nas últimas eleições? Há possibilidade que o senhor o reconheça?
Zelaya - Sim, falamos algumas vezes por telefone. Me parece que ele quer estabelecer a reconciliação no país. É necessário que os hondurenhos voltem à paz e à normalidade. Mas ele (Lobo) foi eleito num processo ilegítimo, que foi levado a cabo por um governo ilegítimo, golpista.
R7 - O senhor tem falado com o presidente Lula ou com o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim?
Zelaya - Estamos em contato.
R7 - Mas vocês se falaram por telefone nos últimos dias?
Zelaya - Estamos em contato com o governo do Brasil através de vários meios, inclusive porque há contato permanente aqui a partir da embaixada.
R7 - No dia 21 de setembro, quando o senhor foi até a Embaixada do Brasil, houve contato com o assessor especial do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia?
Zelaya - Não, nenhum contato.
R7 - Como o senhor se sente com o fato de alguns países reconhecerem as eleições hondurenhas, caso dos Estados Unidos?
Zelaya - O que eu tenho a dizer que os países têm soberania para tomar suas decisões. Mas eu também volto a dizer que estas eleições foram feitas por um governo ilegítimo, produto de um golpe de Estado.
R7 - Ao longo dos últimos meses, percebe-se através das fotos que o senhor está mais magro. Quantos quilos o senhor perdeu?
Zelaya - Eu pesava 185 libras (cerca de 84 kg) antes de vir para cá. Você sabe como são as condições sob as quais vivemos aqui. Eu não tenho uma balança, não sei quanto emagreci. Mas é possível, porque não vivemos nas melhores condições.
