Zelensky obtém nova ajuda militar e apoio diplomático no G7

Zelensky obtém nova ajuda militar e apoio diplomático no G7

Biden prometeu a Kiev novos envios de armas, munições e veículos blindados no valor de cerca 375 milhões de dólares

AFP

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, obteve, neste domingo, novas promessas de entrega de material militar, além do apoio diplomático "inabalável" dos países do G7 em Hiroshima, Japão, após a Rússia declarar a tomada da cidade Bakhmut (leste da Ucrânia), o que Kiev nega.

O chefe de Estado ucraniano chegou no sábado a Hiroshima, onde se reuniu com os líderes das sete democracias mais industrializadas do mundo (EUA, Canadá, Japão, França, Reino Unido, Alemanha e Itália), além de outros convidados à cúpula. Pouco depois de sua chegada, Moscou assegurou que havia capturado Bakhmut, cenário da mais longa e sangrenta batalha desde que a invasão da Ucrânia começou em fevereiro de 2022. "Devem entender que não há mais nada", respondeu Zelensky de forma ambivalente a uma pergunta sobre Bakhmut na cúpula, parecendo confirmar a captura da cidade.

Porém, o porta-voz do presidente, Serhii Nykyforov, se apressou em esclarecer suas palavras. "O presidente desmentiu a tomada de Bakhmut", indicou ele no Facebook. Neste domingo, o presidente americano Joe Biden prometeu a Kiev novos envios de armas, munições e veículos blindados no valor de cerca 375 milhões de dólares, dias depois de permitir a seus aliados o fornecimento de aviões de combate F-16 à Ucrânia. Zelensky visitou no domingo o monumento em homenagem às vítimas da bomba atômica em Hiroshima, onde deixou flores.

Sem reunião com Lula

A presença de Zelensky em Hiroshima, cidade vítima em 1945 do primeiro bombardeio atômico da história e agora símbolo mundial da paz, colocou a invasão russa da Ucrânia no centro dos debates do G7, ofuscando outros temas como as relações dos aliados com a China.

Com este convite "demonstramos a solidariedade inabalável do G7 com a Ucrânia", afirmou o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, anfitrião da cúpula. Em suas sucessivas reuniões, Zelensky buscou reunir apoios para um plano de paz de dez pontos, concentrado em exigir que a Rússia se retire do território ucraniano.

Mas a ofensiva diplomática do presidente ucraniano não foi concluída totalmente: o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, não se reuniu pessoalmente com Zelensky. Lula, que tem se mostrado reticente em condenar a invasão russa, causou certa polêmica no mês passado ao declarar que os Estados Unidos deviam deixar de "incentivar a guerra".

Porém, ao condenar a "violação da integridade territorial da Ucrânia" e lançar pedidos por diálogo nas negociações, o presidente brasileiro criticou, neste domingo, os países do Conselho de Segurança das Nações Unidas, cujos membros permanentes são Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.

"Os membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, seja em busca de expansão territorial, seja em busca de mudança de regime", afirmou, se referindo à invasão do Iraque por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos em 2003. Zelensky indicou que não se reuniu com Lula por incompatibilidade de agendas. Ao ser perguntado se estava decepcionado por não ter falado diretamente com o brasileiro, Zelensky respondeu: "Acredito que seja ele quem esteja decepcionado".

"Construir a paz"

Zelensky se reuniu com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, que assegurou que a Índia fará "tudo o que for possível" para resolver o conflito, uma promessa que o ucraniano recebeu com satisfação. "A Rússia deve retirar suas tropas", repetiu, neste domingo, o chanceler alemão Olaf Scholz, advertindo que a "Rússia não deve apostar que, se resistir o suficiente, o apoio à Ucrânia terminará enfraquecendo".

A presença do presidente ucraniano no G7 é "uma forma de construir a paz", considerou, por sua vez, o presidente francês Emmanuel Macron. O presidente ucraniano deixou Hiroshima neste domingo, segundo a rede pública japonesa NHK.


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