Ação de combate à violência contra mulher prende ao menos 25 no Rio Grande do Sul

Ação de combate à violência contra mulher prende ao menos 25 no Rio Grande do Sul

Mais de 550 agentes participaram da operação Marias

Correio do Povo

No RS foram cumpridos 222 mandados judiciais

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Polícia Civil do Rio Grande do Sul coordenou a operação Marias realizada nesta quinta em quase todo o país. Idealizada pelo Conselho Nacional dos Chefes de Polícia (CONCPC) e com apoio do Ministério da Justiça, a mobilização teve como objetivo o combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. No RS foram cumpridos 222 mandados judiciais, sendo 161 de busca e apreensão e outros 61 de prisão, em 85 cidades. Até o final da manhã havia sido detido um total de 25 indivíduos e recolhidas oito armas de fogo. Houve ainda a fiscalização de 302 medidas protetivas de urgência e denúncias. Mais de 550 agentes participaram da ação no RS.

Idealizadora da mobilização nacional, a Chefe de Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, preside o Fórum Permanente de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher do CONCPC, cuja meta é traçar diretrizes e padronizações de atendimentos, além de capacitações e acolhimentos, para todas as forças policiais civis estaduais. “A operação Marias demonstra a priorização contra este tipo de crime”, resumiu, acrescentando que todas as delegacias gaúchas estão “engajadas”. 


Mobilização teve como objetivo o combate à violência doméstica e familiar contra a mulher               Foto: Polícia Civil / Divulgação

A diretora do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis, delegada Shana Luftz Hartz, ressaltou o êxito da ação e o compromisso da instituição em combater o problema. Já a diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher, delegada Tatiana Bastos, lembrou a existência de 23 Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher e o projeto de abertura de Salas das Margaridas em todas as 44 Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento no RS. “Já temos nove”, contabilizou. As Salas das Margaridas estão instaladas nas DPPAs de Taquara, Santiago, Camaquã, Santa Cruz do Sul, Montenegro, Soledade, Pelotas, Viamão e Porto Alegre.

Ela constatou o crescimento da violência contra a mulher no país, em especial os casos de feminicídios. “A apreensão das armas de fogo apreendidas, usadas para ameaçar e intimidar as mulheres, inibe a progressão da violência”, observou. “Temos de ter investimento de políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher”, enfatizou. 


Armas foram apreendidas na ação                     Foto: Polícia Civil / Divulgação

Estudo

No final da manhã, a Polícia Civil divulgou o mapa dos feminicídios que somaram 91 casos confirmados em 2019 no RS. A delegada Nadine Anflor chamou a atenção para o fato de que 33% das ocorrências foram registradas nos finais de semanais e segundas-feiras, sendo que 65% em casas. “Essa é a grande dificuldade da segurança pública: os crimes aconteceram dentro de residências”, avaliou.

Cerca de 75% dos crimes aconteceram em áreas urbanas e 16% nas zonas rurais. De acordo com ela, as armas brancas, como facas, foram usadas em 33% das mortes de mulheres seguido de 32% com o uso de armas de fogo. Entre os autores dos 91 feminicídios, 52 deles estão recolhidos no sistema prisional. Outros 19 suicidaram-se após os crimes, enquanto os 20 agressores restantes enquadram-se em outras circunstâncias.

O levantamento, conforme a delegada Nadine Anflor, apontou que mais de 40% dos envolvidos em ocorrências de feminicídios, vítimas e autores, estavam na faixa etária entre 21 e 40 anos. O estudo indicou ainda que 96% das mulheres mortas em 2019 não tinham medida protetiva de urgência ao passo que apenas 42% das vítimas tinha algum registro de ocorrência policial. As investigações dos casos resultaram em 93% com autoria identificada, com remessa de 76 procedimentos à Justiça e indiciamento de 58 agressores.


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