"A hora que soltei a rifa, já sabia que era proibido", disse youtuber Klebim em áudio a amigos

"A hora que soltei a rifa, já sabia que era proibido", disse youtuber Klebim em áudio a amigos

Youtuber, preso jogo de azar e lavagem de dinheiro, fala que "não tem jeito de pobre ficar rico se não tiver fazendo nada errado"

R7

O youtuber e empresário Klebim

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O youtuber e empresário Kleber Rodrigues de Moraes, mais conhecido como Klebim, preso por jogo de azar e lavagem de dinheiro, afirmou que sabia que a atividade de rifas era ilegal no país, mas que “não tem jeito de pobre ficar rico se não tiver fazendo nada errado”. As declarações foram feitas por Klebim em áudio encaminhado a amigos num grupo de WhatsApp e obtidas pela reportagem do R7.

"Não tem jeito de pobre ficar rico se não tiver fazendo nada errado com o governo, não. Não tem jeito. A hora que eu soltei a rifa, eu já sabia que era proibido. O sorteio já sei que é proibido. Sei que tudo é proibido", comentou. "Eu acho que o governo não caiu em cima disso ainda porque envolve muita gente. Todo mundo que é famoso faz e é uma coisa que os seguidores querem. É o governo querer comprar uma briga com um monte de gente na internet", completou.

Klebim foi preso no último dia 21 pela Polícia Civil do Distrito Federal por integrar uma associação criminosa interestadual que praticava jogo de azar e lavagem de dinheiro. Outras três pessoas também foram presas durante a Operação Huracán, da DRF/Corpatri (Divisão de Repressão a Roubos e Furtos, da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais).

Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos em Águas Claras, no Guará e em Samambaia. Segundo a investigação, o grupo atuava desde 2021 no sorteio de veículos por meio de rifas e fazia a lavagem do dinheiro por empresas de fachada e testas de ferro. O esquema, de acordo com a polícia, "era altamente lucrativo e apurou-se que os criminosos movimentaram R$ 20 milhões em apenas dois anos".

De acordo com a polícia, além de não ter autorização para realizar as rifas, o grupo realizava os sorteios sem fazer recolhimento de impostos e fazia a lavagem do dinheiro comprando novos carros para continuar o esquema.

As investigações revelaram que o grupo era liderado por Klebim, que tem quase 4 milhões seguidores: 1,5 milhão na página pessoal do Instagram, 1,3 milhão na página da empresa EstiboDub e 1,27 milhão no canal da empresa no YouTube. Pelas redes sociais, ele promovia rifa de veículos de forma proibida. Os veículos eram preparados com rodas, suspensão e som especiais e as rifas eram anunciadas no sítio eletrônico dfrifas.com.br.

"O dinheiro das rifas ilegais era lavado em empresas de fachada e depois utilizado na aquisição de veículos e propriedades de alto luxo. O ajuste criminoso era estável e capitaneado por 'influenciadores digitais', que arrastavam milhares de seguidores com o falso discurso de legalidade das rifas de veículos", detalha Fernando Cocito, diretor da DRF.

Com autorização judicial, foram apreendidos durante a operação veículos de luxo, entre eles um Lamborghini Huracán e uma Ferrari 458 Spider, avaliados, cada um, em R$ 3 milhões. Também foi sequestrada uma mansão no Park Way e determinado o sequestro de R$ 10 milhões das contas dos investigados.

O youtuber disse que não há nada ilícito em suas atividades e criticou a falta de regulamentação em ações de marketing na internet. Em um vídeo obtido pela Record TV, o influenciador falou sobre o caso em que é suspeito de liderar uma associação criminosa interestadual que praticava jogo de azar e lavagem de dinheiro.

"Devido a uma lei da década de 1940, isso [ações de marketing online] nunca se regulamentou. [...] Quero dizer que confio no Poder Judiciário. Sei que tudo isso vai ser esclarecido, vai ser resolvido. Mas uma lei 'pré-histórica', uma lei da década de 1940 não vale!", opinou. "Vivemos em um mundo digital e precisamos que essa lei seja atualizada", concluiu.


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