Antiga advogada de Papagaio se recusa a voltar a defendê-lo

Antiga advogada de Papagaio se recusa a voltar a defendê-lo

Defensora não acredita na ressocialização do assaltante

Luciamem Winck

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O assaltante de bancos e carros-fortes Cláudio Adriano Ribeiro, o Papagaio, fez um apelo no final de semana para que a advogada Maria Helena Viegas voltasse a defendê-lo. Recolhido na Penitenciária Modulada de Montenegro, Papagaio tentou novamente no sábado contratar a advogada que lhe prestou serviços por quase 12 anos. Nesta segunda-feira, após avaliar a proposta do criminoso, Maria Helena reiterou a decisão anunciada em 8 de agosto do ano passado: não vai mais defendê-lo nos processos que tramitam em Novo Hamburgo e nas cidades de Urussanga, Içara e Tubarão (SC).

"Trabalhei tantos anos para ele que julguei que estivesse ressocializado e disposto à reinserção social", justificou. Na avaliação da advogada, a situação de Papagaio está bastante complicada, justamente porque ele fugiu cinco vezes do sistema penitenciário gaúcho e, com isso, possivelmente perdeu a credibilidade com o Judiciário.

“Estive na Modulada de Montenegro, por solicitação dele. Conversamos por quase duas horas. Expliquei as razões pelas quais renunciei. Ele ouviu pacientemente, entendeu, mas propôs meu retorno e disse que se eu não reconsiderasse minha decisão anterior, recorreria à Defensoria Pública do Estado”, assinalou a advogada.

Maria Helena prometeu pensar e chegou a pegar uma procuração de Papagaio. No entanto, nesta manhã, decidiu não aceitar. “Portanto, não juntarei a procuração nos processos e continuo não sendo mais advogada dele. É só isso e nada mais”, sintetizou. A decisão já foi oficializada à família de Papagaio.

No dia 24, às 14h30min, Papagaio deverá ser apresentado à juíza de Direito Traudi Beatriz Grabin, da Vara de Execuções Criminais de Novo Hamburgo, para ser ouvido no processo administrativo disciplinar (PAD) referente à fuga ocorrida em 15 de abril do ano passado. Na quinta-feira passada, a juíza notificou a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) para que Papagaio fosse avisado da renúncia de Maria Helena, estabelecendo prazo de cinco dias para constituir novo defensor ou solicitar a nomeação de um defensor público.

Papagaio foi recapturado na véspera do Natal, em Brusque (SC). Quando declinou pela primeira vez, Maria Helena declarou que, se fosse recapturado, Papagaio teria de "reiniciar a contagem de tempo para um dia voltar a pleitear a troca do regime fechado para o semiaberto". De acordo com a advogada, os quase 13 anos de pena já cumpridos por Papagaio, de um total de 54 anos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, não valeriam mais para requisitar novos benefícios.

Após tantas fugas, dificilmente Papagaio terá nova chance agora de voltar ao semiaberto. Para reivindicar a progressão de regime, Papagaio terá de cumprir mais nove anos. Maria Helena lembrou que a última concessão de benefício ao cliente foi resultante de dois anos de trabalho.


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