Após dirigente do PTB se tornar réu, filhos de Eliseu Santos manifestam apoio ao MP

Após dirigente do PTB se tornar réu, filhos de Eliseu Santos manifestam apoio ao MP

Família quer detalhes da acusação de que José Carlos Brack estaria por trás do assassinato

Rádio Guaíba

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O advogado que representa três filhos do ex-secretário municipal de Saúde Eliseu Santos, Marcelo Bertoluci, reiterou nesta segunda-feira apoio total da família da vítima à investigação do Ministério Público Estadual (MPE). A manifestação ocorre após o presidente municipal do PTB em Porto Alegre José Carlos Brack se tornar réu pelo crime, sob acusação do MP de ser um dos mandantes do assassinato de Eliseu.

Segundo Bertoluci, os parentes da vítima souberam, ontem, através da imprensa, que o dirigente petebista, para o órgão, está por trás do homicídio.

A família aguarda para esta semana o envio de detalhes da investigação do MP que relacionou Brack ao crime. "De qualquer forma adianto que apoiamos o Ministério Público e um pronunciamento da família sobre a acusação contra ele ocorrerá nas próximas horas", afirma o advogado. Conforme Bertoluci, a maioria dos parentes da vítima acredita que a Polícia Civil está errada na tese de que Eliseu teria sido morto ao ser assaltado. "A possibilidade de latrocínio, é claro, chegou a ser levada em consideração, mas a família, em geral, acredita na versão do MP", diz.

Entre as informações obtidas pelo órgão que levaram Brack a ser relacionado ao assassinato, está uma carta enviada por pessoa próxima a Eliseu aos promotores Eugênio Paes Amorim e Lúcia Helena Callegari. O documento aponta que o secretário, ao desconfiar da participação do dirigente petebista em corrupção dentro da Secretaria, conseguiu, através da intermediação do ex-prefeito José Fogaça, afastar Brack das atividades da pasta.

Na época, Eliseu e o então presidente municipal do PTB teriam tido uma forte discussão. O advogado Marcelo Bertoluci admite que a relação dos dois não era próxima. "Sei que, de fato, não existia amizade e qualquer proximidade entres os dois, apesar de serem colegas de partido".

No mês passado, o senador Sérgio Zambiasi declarou à reportagem da Rádio Guaíba que desconhecia qualquer diferença entre Brack e Eliseu. "Eles tinham uma relação excelente. Em nenhum momento Eliseu fez queixas contra qualquer pessoa".

No dia posterior a morte, Zambiasi, em entrevistas à imprensa, durante o velório do secretário na Assembleia Legislativa, foi uma das únicas autoridades políticas a dar opiniões pessoais sobre o que teria motivado o crime. Na ocasião, o senador foi enfático: "Acredito que ele foi vítima de assaltantes e não de uma execução. Sei que ele andava armado desde a década de 80, e estava disposto a reagir a crimes".

A tese de Zambiasi, também sustentada pela Polícia Civil, terminou sendo rechaçada pelo MP, que apontou falhas na investigação da Delegacia de Homicídios. Ontem, o atual presidente estadual do PTB e pré-candidato ao Palácio Piratini, Luis Augusto Lara, demonstrou aparente soliedariedade a Brack, depois de ele anunciar sua saída do partido. "Considero a postura dele digna, ao não misturar assuntos pessoais com os partidários. Na minha opinião, é estranha esta relação dele com o homicídio", disse Lara.

A reportagem da Rádio Guaíba tentou entrevistar José Carlos Brack, mas ele evitou declarações. "Só posso dizer que sou inocente, apenas isso".

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