Bairro de Porto Alegre está sitiado pelo tráfico

Bairro de Porto Alegre está sitiado pelo tráfico

Casas à venda em Santa Tereza foram depredadas

Correio do Povo

Casas à venda no bairro Santa Tereza foram depredadas

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Por Hygino Vasconcellos e Jézica Bruno 

Os moradores do bairro Santa Tereza, na zona Sul de Porto Alegre, estão acuados com a falta de segurança. Dezenas de usuários de crack se instalaram na região, praticando furtos, invadindo casas e tomando as moradias vazias para consumirem drogas. Estes homens e mulheres circulam pelas ruas diariamente em busca de dinheiro e atuam geralmente em grupos de cinco pessoas para atacar as residências.

Quem anda pelo bairro percebe um cenário desolador. Diversas casas estampam placas de venda. Os proprietários tentam se desfazer dos imóveis para buscar segurança em uma outra região. Outras casas foram invadidas ou cedidas à força para traficantes. Os imóveis que não foram tomados pelo tráfico são depredados pelos usuários. Eles furtam tudo o que conseguem retirar das moradias, como janelas, portas, muros, fios e cercas. Na rua Silveiro, as carcaças que sobraram das casas se tornaram abrigos para estes grupos.

Para os moradores, a situação acabou virando uma rotina de medo e terror. A dona de casa Elza Vaskievicz, 51 anos, teve sua residência arrombada quatro vezes. Bicicletas, mangueiras, roupas, calçados, botijão de gás e tudo o que estava à vista dos assaltantes foi levado. “Eles abriram as grades do portão ou entraram pela garagem. Pegaram tudo o que conseguiram e foram trocar por dinheiro”, afirmou.

Na tentativa de proteger a família, Elza colocou cadeados nas grades e cerca elétrica no muro. “Mesmo assim eles estão na volta, rondando e esperando o momento certo para atacar”, comentou. “Nós sempre ficamos em pânico e subimos para o terraço para cuidar a ação deles”, explicou. Segundo ela, o medo é ainda maior quando falta luz.

Na rua Dona Sofia, até as lixeiras das calçadas foram levadas. O empresário Vitor Vieira, 45, teve o portão da garagem arrancado. “Desisti de consertar, eles roubam tudo a todo momento”, ressaltou. “Vou alugar aqui e morar em outro lugar”, disse. Vieira relatou que a briga com os usuários de crack é constante. Ele lembra que já teve de forçar os usuários irem embora para evitar que roubassem. Segundo Vieira, os viciados se juntam homens e mulheres  e atuam dia e noite, mas a maioria dos ataques ocorre à noite. A arma de defesa do morador são os cachorros. “Só conseguimos nos proteger com eles (cães)”, pontuou o empresário.

Próximo dali, a aposentada Isabel Poggtti, 74, demora para lembrar o nome da rua onde mora. A placa foi roubada na Travessa São Damião, onde um muro de 10 metros de comprimento e 2 metros de altura, de um terreno vazio, também foi levado. Isabel convive há quatro anos com o perigo. Em frente a sua casa, um grupo se reúne toda noite para usar o entorpecente e se exibe para as câmeras de segurança do jardim. As pedras de crack são deixadas no muro pelo traficante que atua com extrema rapidez.

Quando falta dinheiro, as mulheres costumam se prostituir. Os usuários fazem de tudo para alimentar o vício. Também ocorrem brigas violentas entre eles, porque um rouba o dinheiro do outro. “Nós assistimos a tudo, sem poder fazer nada, é revoltante”, frisou Isabel. Os moradores relatam que acionaram a Brigada Militar diversas vezes. No entanto, assim que os PMs saem, os viciados retornam.

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