BM investiga possível participação de PMs em violência contra trabalhadores em Bento Gonçalves

BM investiga possível participação de PMs em violência contra trabalhadores em Bento Gonçalves

Mais de 200 pessoas foram retiradas de local em que atuavam em condições análogas à escravidão

Correio do Povo

Responsável foi preso durante ação em conjunto com Polícia Federal e Ministério do Trabalho e Emprego

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A Corregedoria Geral da Brigada Militar começou nesta quarta-feira a investigação sobre a possível participação de policiais militares nas violências sofridas por trabalhadores baianos em Bento Gonçalves, na Serra. O próprio corregedor, coronel Vladimir Luís Silva da Rosa, está na cidade para acompanhar o início do trabalho, que não tem prazo para ser concluído. Além das oitivas, entre outras diligências, haverá troca de informações com a Polícia Federal, responsável pelo inquérito sobre o caso de trabalho análogo à escravidão.

"Há um conjunto de provas que estão sendo recolhidas para poder dar encaminhamento a um processo de responsabilização. Uma vez essas provas sendo colhidas, darmos condição a abertura de processo internos no âmbito da Corregedoria da Brigada Militar", informou o governador nessa terça-feira. Ele anunciou ainda a criação de uma força-tarefa para fiscalizar a contratação de pessoas e combater situações como a que ocorreu em Bento Gonçalves. Não foi anunciado um prazo para o início dessa ação.

Já o secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, informou que a Corregedoria Geral da Brigada Militar já esteve reunida com o delegado que preside as investigações da Polícia Federal em Caxias do Sul. Ele explicou que a Corregedoria Geral da Brigada Militar ficou à disposição nessas apurações de possível envolvimento de integrantes da BM, sendo solicitado também o compartilhamento de provas.

"Não compactuamos com desvio de conduta e que, confirmada essa situação, será dada uma punição exemplar, firme e dentro da lei”, afirmou na ocasião o secretário Sandro Caron.

Audiência 

Por sua vez, o Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) realiza nesta quarta-feira mais uma audiência tele presencial com a empresa contratante dos 207 trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, na Serra. As vinícolas que se utilizavam da mão de obra contratada também participam das reuniões virtuais, sendo que a primeira ocorreu nessa terça-feira.

Os trabalhadores foram contratados por uma empresa que oferecia a mão de obra para vinícolas e produtores rurais da região. O alojamento na rua Fortunato João Rizzardo, no bairro Borgo, em Bento Gonçalves, ficava distante cerca de 15 quilômetros dos vinhedos. O responsável pela terceirizada chegou a ser preso, mas pagou fiança e foi solto.

Na semana passada, uma operação conjunta entre Polícia Rodoviária Federal, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e MPT-RS resgatou mais de 200 pessoas alojadas em condições impróprias em uma pousada em Bento Gonçalves. Segundo denúncias realizadas por um grupo de seis trabalhadores que havia conseguido fugir e denunciar o caso, o local era alojamento para uma força de trabalho atraída para a colheita da uva.

No momento da contratação, os trabalhadores recebiam a promessa de que seriam custeados alimentação, hospedagem e transporte, mas, chegando ao Rio Grande do Sul, os trabalhadores tiveram que pagar pelo alojamento, já começando em dívida. O local de alojamento também apresentava péssimas condições e os resgatados, a grande maioria oriunda da Bahia, relataram ameaças e intimidações.


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