Brasil firma acordo com a Argentina para combate conjunto ao crime organizado

Brasil firma acordo com a Argentina para combate conjunto ao crime organizado

Ministro Raul Jungmann reconheceu que criminosos não podem mais ser enfrentados por apenas um país

Agência Brasil

Ministro Raul Jungmann reconheceu que criminosos não podem mais ser enfrentados por apenas um país

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Brasil e Argentina assinaram um acordo, nesta terça-feira, em Buenos Aires, para unir forças no combate ao crime organizado que, segundo o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann – “é cada vez mais transnacional e globalizado” e já não pode ser enfrentado por um país, individualmente. O documento prevê ampliar e agilizar a troca de informações entre os dois países, criando uma base de dados comum que possa ser acessada em tempo real por ambos.

“Não se combate mais o crime organizado em um espaço nacional – não há a menor chance”, disse Jungmann, em entrevista após a assinatura do acordo com a ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich. “Temos que ter ações de inteligência integradas e compartilhadas”, acrescentou.

Jungmann e Patricia Bullrich acertaram realizar uma videoconferência a cada 15 dias, para acompanhar o cumprimento do Acordo de Cooperação sobre a Troca de Informações para o Fortalecimento da Segurança, como o documento foi intitulado. O ministro brasileiro também propôs criar um fórum sobre segurança regional que inclua todos os países da América do Sul. “Não temos uma organização sul-americana que integre as diversas seguranças”, disse Jungmann. Segundo ele, os países enfrentarão cada vez mais problemas de fronteira, em um continente que reúne grandes produtores e consumidores de drogas. “Os bandidos se organizam por WhatsApp em tempo real e nos ficamos presos na burocracia, nas regras, na diplomacia – não tem como [combater o crime]”.

O ministro brasileiro também respondeu criticas à intervenção militar no Rio de Janeiro e comparou a cidade com Medellín – um dos centros dos cartéis de narcotráfico da Colômbia, que levou oito anos para melhorar os índices de criminalidade e violência. Mas, segundo ele, dados do Instituto de Segurança Publica (ISP) do Rio de Janeiro já apresentam uma queda em vários tipos de crime, como roubo de cargas, furtos e também homicídios. O único crime que aumentou, segundo ele, foi a letalidade policial.

O ministro defendeu a continuidade da intervenção alegando que, no Rio de Janeiro, 1 milhão de pessoas em 800 comunidades “vivem em estado de exceção, sem direitos nem garantias constitucionais, porque são controladas pelo crime organizado, as milícias e os traficantes de drogas”. Jungmann comparou a criminalidade no estado com uma “metástase”, que se multiplica e se espalha por todos os setores da sociedade. “Até recentemente, os três últimos governadores, os três presidentes de Assembleias Legislativas e seis dos sete juízes do Tribunal de Contas estavam presos”, citou.

Mas a manutenção da intervenção militar terá que ser decidida pelo próximo presidente e o governador do estado. O ministro vê um “entrave” para essa possibilidade. “Durante a intervenção, não pode emendar a Constituição e todos os presidentes têm apresentado emendas constitucionais”, lembrou. Mas, segundo Jungmann, dois terços dos cariocas aprovam a presença das Forcas Armadas.

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