Brigadistas apontados como suspeitos de incendiar região da Amazônia são soltos

Brigadistas apontados como suspeitos de incendiar região da Amazônia são soltos

Governo do Estado do Pará mudou comando das investigações sobre caso

AE

Brigadistas apontados como suspeitos de incendiar região da Amazônia foram soltos

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A Justiça soltou nesta quinta-feira os quatro brigadistas de Alter do Chão (PA), que estavam detidos desde quarta-feira. Eles são apontados pela Polícia Civil como suspeitos pelos incêndios nessa região da Amazônia em setembro. Após críticas de entidades ambientalistas e de direitos humanos à prisão preventiva, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), trocou na última quinta-feira a chefia da investigação e pediu transparência no caso.

Os quatro acusados são Daniel Govino, João Victor Romano, Gustavo Fernandes e Marcelo Cwerner. Eles são ligados às ONGs Brigada de Alter do Chão, Instituto Aquífero Alter do Chão e Projeto Saúde e Alegria (PSA). Os brigadistas, que tiveram cabelos e barbas raspados, deixaram o Centro de Detenção Provisória de Santarém juntos e de mãos dados no início da noite. Na porta do presídio, foram aplaudidos por apoiadores e gritaram palavras de ordem, como "Amazônia Viva". Segundo Caio Moreno, irmão de Romano, eles estavam bem e se encontraram com parentes ainda na noite anterior noite.

Soltura

Desde a quarta-feira, os advogados de defesa e as entidades críticas à prisão preventiva falaram em arbitrariedades. E afirmaram que não haviam sido apresentadas provas para justificar a prisão. Já a polícia dizia ter base em grampos telefônicos considerados suspeitos - em uma gravação, um dos brigadistas disse estar "por trás de tudo" e em outro trecho falou: "Se preparem. O horizonte vai estar todo embaçado".

A polícia também afirmou suspeitar de desvio de doações à ONG para o combate às queimadas. Mas, no pedido de prisão ao qual o Estado teve acesso, os investigadores não apresentaram perícia, imagens ou testemunhas que vinculassem os brigadistas aos incêndios na Área de Proteção Ambiental (APA) Alter do Chão, no Oeste do Pará.

A soltura foi solicitada pela defesa ainda na quarta-feira, mas havia sido negada pelo juiz Alexandre Rizzi, da 1ª Vara da Comarca de Santarém. Em sua justificativa para ter mudado de ideia sobre a prisão, um dia depois, o magistrado argumentou que a polícia, em suas buscas, já recolheu "enorme quantidade" de aparelhos eletrônicos e documentos, o que deverá demandar muito tempo para apuração.

Por isso, não se justificaria manter a prisão, uma vez que os quatro também prestaram informações à polícia anteontem. A concessão da liberdade provisória exige que os quatro integrantes da ONG entreguem à Justiça seus passaportes em 48 horas. Eles estão proibidos de sair da cidade nos próximos 15 dias, devem permanecer em suas casas entre 21 e 6 horas, além de prestarem informações na comarca sobre suas atividades, uma vez por mês.

Barbalho

À tarde, antes da soltura do grupo, Barbalho havia anunciado a troca do comando do inquérito, que estava com a Delegacia de Conflitos Agrários do Baixo e Médio Amazonas. Quem assumiu o caso foi o diretor da Delegacia Especializada em Meio Ambiente, Waldir Freire. Segundo Barbalho, a mudança é "para que tudo seja esclarecido da forma mais rápida e transparente possível". Disse ainda que "ninguém está acima da lei, mas também ninguém pode ser condenado antes de esclarecer os fatos".


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