Célula de facção movimentou R$ 1 milhão com venda de drogas sintéticas no RS

Célula de facção movimentou R$ 1 milhão com venda de drogas sintéticas no RS

Investigação do Denarc descobriu lucrativa rede de tele entrega pra clientela de alto poder aquisitivo

Correio do Povo

Efetivo tático da CORE atuou junto no cumprimento de 80 ordens judiciais

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A célula de uma facção que movimentou cerca de R$ 1 milhão em pouco mais de sete meses, através do tráfico sobretudo de drogas sintéticas, foi alvo ao amanhecer desta quinta-feira da operação Office do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil. A organização criminosa mantinha inclusive uma das maiores e mais rentáveis redes de tele entrega de drogas por meio de aplicativos, voltada para uma clientela de poder aquisitivo, em Porto Alegre e Região Metropolitana. Ela seria a maior fornecedora de ecstasy do RS, mas comercializava também MDMA e LSD, provavelmente oriundos de Santa Catarina, além de maconha tipo camarão, vinda do Uruguai.

A ação foi coordenada pelo delegado Wagner Dalcin. Cerca de 100 agentes, incluindo o efetivo tático da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), cumpriram 80 ordens judiciais, sendo 23 mandados de prisão e 27 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre, São Leopoldo, Canoas, Viamão e Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, em Florianópolis, Passo de Torres e Palhoça, em Santa Catarina, e Salvador, na Bahia. Houve 16 prisões e recolhimento de dinheiro, entorpecentes, armas, munições, documentos, telefones celulares e seis veículos de luxo, além de sequestro de cinco imóveis e 27 bloqueio de contas bancárias.

O diretor de investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, avaliou que “foi uma investigação policial técnica, minuciosa e complexa, visando à identificação dos membros organizados e com grande poderio financeiro, constituindo um verdadeiro empreendimento criminoso voltado ao narcotráfico, atendendo clientes de classe média alta”.

Segundo o delegado Wagner Dalcin, a investigação começou em outubro de 2021, com a prisão de um indivíduo que tinha 120 comprimidos ecstasy em um veículo e ainda R$ 40 mil em dinheiro e uma pistola calibre nove milímetros em um determinado local. “As equipes receberam informações dos órgãos de inteligência acerca do transporte de entorpecentes e de grandes somas em dinheiro e de imediato passaram a diligenciar para identificar os envolvidos no esquema”, lembrou.

O trabalho investigativo apontou que a facção atendia principalmente estudantes e professores universitários, bem como profissionais do ramo de saúde. As encomendas eram feitas pelas redes sociais com pagamento pelo serviço de entrega em domicílio.

Existia um grupo de entregadores com um supervisor e responsável pelo recolhimento dos valores em espécie, um encarregado do fracionamento, pesagem, embalamento e distribuição dos entorpecentes, uma pessoa que fazia o atendimento dos clientes e ainda os detentores de contas bancárias para o recebimento do dinheiro.

“Todo esse esquema era supervisionado por um indivíduo que, aproveitando-se do lucro obtido, passou a investir no mercado imobiliário como forma de lavar o produto do crime”, explicou o delegado Wagner Dalcin. “O líder da célula responsável pela comercialização de entorpecentes beneficiou-se de boa parte dos valores auferidos. Ao longo dos últimos anos, adquiriu veículos de luxo e motos aquáticas, e investiu parte do lucro em imóveis para si e para sua família, alguns dos quais encontram-se em obras na Capital”, acrescentou.

“Além disso, foi descoberto um esquema de abertura de pessoas jurídicas e contas bancárias em nome destas para recebimento de parte dos lucros da venda de entorpecentes e posterior conversão dos valores em imóveis e veículos”, emendou. A lavagem do dinheiro ocorria por intermédio de uma empresa do ramo de varejo de bebidas e de contas bancárias abertas, com o uso de laranjas, para o fim específico de receber valores do tráfico, camuflados como pagamentos pela aquisição dos produtos”, esclareceu o delegado Wagner Dalcin.

O líder da célula seria o mentor intelectual do esquema. Ele possui antecedentes criminais pelos crimes de lavagem de dinheiro, constituição ou participação em organização criminosa e tráfico de entorpecentes. O suspeito cumpria pena em regime de monitoramento eletrônico e foi transferido para Cascavel, no Paraná. “A investigação aponta para esse indivíduo como líder intelectual e maior beneficiário do produto obtido com a venda de entorpecentes”, frisou o delegado Wagner Dalcin.

Fotos: PC / Divulgação / CP


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