Cardápio da janta causa tumulto em delegacia de Canoas

Cardápio da janta causa tumulto em delegacia de Canoas

Presos se revoltaram após Susepe encaminhar pão e banana para a refeição

Correio do Povo

DPPA de Canoas está superlotada de presos

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O estopim para uma rebelião nas celas das delegacias lotadas de presos em Porto Alegre e Região Metropolitana pode ser até o cardápio da alimentação fornecida. Foi o que ocorreu na noite dessa sexta-feira na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Canoas. Os detidos no local provocaram um tumulto e se revoltaram após a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) ter encaminhado pão e banana como janta.

Os policiais civis de plantão tiveram muito trabalho em acalmar os ânimos. Mais de 20 presos encontram-se no local, sendo que alguns sob custódia em um ônibus da Brigada Militar estacionado. Na mesma DPPA de Canoas já havia sido descoberto um plano de fuga em massa que previa um agente sendo rendido e feito refém. A Susepe pretende agora apurar o que ocorreu com o cardápio da janta.

O vice-presidente da Ugeirm Sindicato, Fábio Castro, esteve em busca de mais informações durante a manhã de sábado sobre a situação na DPPA de Canoas. Ele teme o pior e adverte sobre os riscos de segurança dos policiais civis que ficam nas delegacias de Porto Alegre e Região Metropolitana, cujas carceragens estão superlotadas com mais de 100 presos desde a semana passada.

O resgate de criminosos e rebeliões podem ocorrer a qualquer momento. Até a questão de saúde é levantada pelo dirigente sindical, referindo-se a exposição às doenças como tuberculose e o mau cheiro pela falta de banho dos detidos.

Castro considera “falta de vontade política” do governo em agilizar as soluções para a falta de vagas prisionais, questionando por exemplo a demora em resolver os problemas verificados no futuro complexo prisional de Canoas. Ele acrescenta ainda que, mesmo com a inauguração do mesmo, a falta de servidores penitenciários vai gerar um novo problema.

Já a abertura do primeiro prédio da futura Central de Triagem de Porto Alegre, no bairro Partenon, deve amenizar a superlotação nas celas das delegacias, mas não em definitivo. A obra está sendo executada pelo Exército Brasileiro.

A Ugeirm Sindicato, lembrou o vice-presidente da entidade, está preparando uma denúncia a ser encaminhada à Organização dos Estados Americanos (OEA), tratando da violação dos direitos humanos e da situação de presos em carceragens de delegacias gaúchas. Fábio Castro espera que o texto esteja pronto nos próximos dias.

Em Porto Alegre, a 2ª DPPA e a 3ª DPPA, bem como o ônibus-cela Trovão Azul, também estão com as carceragens lotadas, apesar da tranquilidade no lado externo. “É uma calma aparente. Há muita tensão”, diagnosticou.


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