Centenas de bombeiros são presos após protesto em quartel no Rio
Detentos estariam sendo autuados por motim e depredação do patrimônio
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Um grupo de cerca de 50 pessoas - bombeiros de outros quartéis que participaram ou não da manifestação e parentes dos militares - protesta do lado de fora do quartel, pedindo a libertação dos homens, mulheres e até menores que foram detidos.
A entrada do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) no quartel central dos bombeiros ocorreu hoje, por volta das 6 horas. Segundo manifestantes que não foram presos e outras testemunhas, além de armamento não letal, como bombas de gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral, a tropa de elite da PM teria disparado balas de fuzil para expulsar os manifestantes de dentro do quartel.
Pelo menos cinco crianças foram levadas para o Hospital Souza Aguiar, ao lado de onde ocorria o protesto, atordoadas e com ferimentos leves. Segundo funcionários do hospital, elas foram acalmadas, medicadas e liberadas em seguida.
Integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, a deputada estadual Janira Rocha (PSOL) passou a madrugada acompanhando o protesto dos bombeiros dentro do quartel e disse que só não houve uma tragédia porque o movimento é pacífico e porque os manifestantes tinham treinamento militar.
"Foi terrível o que aconteceu lá dentro. O Bope invadiu por trás, jogando bombas de gás e disparando balas de verdade. Tem carros dos bombeiros lá dentro arrebentados a bala. Se os bombeiros não estivessem em movimento pacífico e ordeiro poderia ter ocorrido uma tragédia", afirmou a deputada, exibindo cápsulas deflagradas de fuzil e pedaços de bomba de efeito moral. "Essas pessoas que estão sendo penalizadas são as mesmas que salvam vidas em incêndios e nas praias do Rio. Ganham o pior salário da categoria no Brasil. Quero saber se o governador (Sérgio) Cabral, responsável por essa operação, consegue se alimentar em Paris com os R$ 950 que são pagos a esses homens e mulheres."
Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também estão na porta do quartel do Batalhão de Choque, acompanhando a autuação dos bombeiros. O governador Sérgio Cabral, que deve conceder entrevista coletiva à imprensa ainda na manhã de hoje, permanecia reunido, às 11 horas, com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, a procuradora-geral do Estado, Lúcia Lea, e vários secretários de Estado. Não há previsão para o início da entrevista.