Cocaína rosa: saiba os riscos da droga encontrada em brasileira que caiu de prédio na Argentina

Cocaína rosa: saiba os riscos da droga encontrada em brasileira que caiu de prédio na Argentina

Entorpecente é menos comum no Brasil do que o de cor esbranquiçada

Correio do Povo

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A autópsia da brasileira Emmily Rodrigues Santos Gomes, de 26 anos, apontou que ela utilizou a droga cocaína rosa antes de cair do sexto andar do prédio em que estava no último dia 30 no bairro do Retiro, área nobre de Buenos Aires, na Argentina. A polícia ainda investiga o caso para determinar se a mulher foi vítima de homicídio, de queda acidental ou mesmo se cometeu suicídio. O entorpecente ilegal é distinto do encontrado de forma mais comum no Brasil, de cor esbranquiçada, e também traz uma série de riscos à saúde. Leia abaixo sobre as diferenças: 

Também chamada de “pó rosa”, essa substância foi apelidada com o nome de cocaína devido à formulação mais comum — ou seja, como pó, seja ele inalado ou ingerido. No entanto, os compostos são completamente diferentes, assim como seus efeitos no corpo humano, conforme publicação do Hospital Santa Mônica. 

O nome correto da cocaína rosa é 2-CB, ou 2-dimetoxibenzaldeído. Nas ruas, a substância também pode ser apelidada de “vênus”, “erox” ou “nexus”. Diferentemente de outras drogas, a cocaína rosa não é tão comum no Brasil por se tratar de uma substância sintética, com alto custo de produção; sua circulação, portanto, fica praticamente restrita aos bairros mais nobres e à população com maior poder aquisitivo.

O 2-CB foi descoberto pelo cientista Alexander Shulgin, em 1974. Inicialmente, se acreditava que a droga poderia ser utilizada no tratamento de dependências químicas, até que sua própria toxicidade fosse colocada em pauta. Além disso, o pó rosa é considerado um afrodisíaco — daí um de seus nomes ser “erox”, em alusão a Eros, o deus grego do amor. A toxicidade do 2-CB deriva, principalmente, de seus efeitos alucinógenos: assim como outras drogas da classe, como o LSD ou a maconha, ela pode causar distorções na percepção da realidade. 

Principais efeitos 

O pó rosa tem dois efeitos principais: um estimulante, semelhante ao da cocaína de fato, e um alucinógeno. Por conta destes fatores, ele é considerado do grupo das anfetaminas, que ativam um sistema conhecido como “simpatomimético”.

Dentre os principais efeitos da ativação desse sistema estão o aumento nas frequências cardíaca e respiratória, na pressão arterial e na temperatura. Em doses extremas, seu uso pode levar à sobrecarga do coração, gerando isquemia cardíaca (conhecida como infarto do miocárdio).

Riscos 

O uso excessivo do pó rosa configura uma overdose, que pode gerar sobrecarga cardíaca. Existe o risco de adição da substância, fazendo o usuário querer doses cada vez maiores para se satisfazer. Isso ocorre porque o efeito das anfetaminas no cérebro é muito exagerado, causando um aumento abrupto nos níveis de alguns neurotransmissores — como a dopamina e a noradrenalina.

Assim, o próprio corpo conta com mecanismos para “balancear” esse aumento, reduzindo o número de receptores desses neurotransmissores. Para gerar o mesmo efeito que a primeira dose geraria, por exemplo, as adicionais tendem a ser cada vez maiores. O pó rosa é considerado um alucinógeno, ou seja, seus usuários podem sofrer com a distorção da realidade. Alguns sintomas possíveis são alucinações auditivas, paranoia ou pânico, gerando um perigo para si e para outros.

Tratamento 

A adição (termo técnico para o vício) sempre é, por definição, um problema na vida do usuário. Assim como os efeitos do uso prolongado da cocaína, o pó rosa pode trazer sintomas a longo prazo e causar prejuízos funcionais e sanitários para seus usuários.

Ainda que haja poucos estudos em relação ao uso do pó rosa, é consenso que pacientes que sofrem com a dependência da droga precisam de ajuda especializada. Na maioria dos casos, pode ser necessária uma internação em um hospital psiquiátrico, para que haja monitorização constante e apoio multidisciplinar.


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