Como um foragido movimentou milhões através de tráfico e lavagem de dinheiro em Porto Alegre

Como um foragido movimentou milhões através de tráfico e lavagem de dinheiro em Porto Alegre

Traficante conhecido como Red foi alvo de operações antes de ser preso em Santa Catarina

Marcel Horowitz

Foragido foi preso em SC

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Investigado por envolvimento em pelo menos 30 homicídios, o criminoso conhecido como Red também foi alvo de operações contra tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Preso nesta quinta-feira, em Santa Catarina, ele teria movimentado milhões de reais durante o período em que permaneceu foragido.

Red estava foragido desde setembro. Ele chegou a ser considerado o traficante mais procurado de Porto Alegre.

Capturado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (Dhpp), a prisão dele é fruto de investigações da Delegacia de Homicídios em Viamão, coordenada pelo delegado Rafael Pereira, diretor da Divisão de Homicídios da Região Metropolitana.

A operação também contou a Polícia Civil de SC. Foram os agentes catarinenses que localizaram o foragido, em Garopaba.

R$ 1 milhão por semana

Red foi alvo da Operação Golpe de Estado, em outubro. A ação foi desencadeada pelo Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc). O foco era a prisão preventiva dele.

Segundo a investigação, o grupo de Red movimentava cerca de R$ 1 milhão por semana. O rendimento vinha de pontos de tráfico na zona Norte da Capital.

O Denarc apontou ainda que os entorpecentes eram adquiridos diretamente em países produtores, como Paraguai, Bolívia e Peru. As drogas seriam distribuídas em larga escala, não apenas em Porto Alegre e região Metropolitana, como também para o interior do RS.

R$ 50 milhões ao ano

Em dezembro, familiares de Red também entraram na mira da polícia. Eles foram alvo da Operação Alerta Vermelho, deflagrada pelo Departamento de Investigações Criminais (Deic).

A ofensiva visava desarticular um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 50 milhões em menos de um ano. O traficante e a família dele estariam usando empresas para dar aparência legítima ao lucro do tráfico de drogas. As diligências ocorreram em Porto Alegre e Viamão.

Na ocasião, houve sequestro de 79 veículos, afastamentos de sigilos bancário, fiscal e bursátil de 31 investigados e 13 empresas. Os negócios de fachada seriam, principalmente, revendas automotivas. A suspeita é que parentes do traficante atuavam como laranjas, ocultando o dinheiro ilícito.

Quem é Red

A Polícia Civil indica que Red é pivô de uma guerra entre facções no bairro Mario Quintana, na zona Norte de Porto Alegre. Ele também é apontado como fundador da quadrilha Comando Nova Geração.

Antes de formar um grupo próprio, Red atuava como gerente de uma facção com berço no bairro Bom Jesus, na zona Leste, mas que também tem atuação na zona Norte.

Quando era gerente, Red tinha como chefe José Dalvani Nunes Rodrigues, o 'Minhoca', preso em 2016 no Paraguai e transferido para a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, no ano seguinte.

As investigações revelaram que a ausência do líder fez com que Red expandisse sua influência na zona Norte, a ponto de sair do grupo e formar uma nova quadrilha, intitulada ‘Comando Nova Geração’. Desde então, ele teria se aliado a traficantes das vilas Jardim e Cruzeiro, além de grupos do Loteamento Timbaúva, para fazer frente ao poder bélico da antiga facção.

Bruxo da Safira

Segundo a Polícia Civil, o bando de Red chegou a movimentar aproximadamente R$ 1 milhão por semana, após tomar pontos de tráfico no bairro Mário Quintana. Os entorpecentes, na maior parte, vinham de países vizinhos.

O criminoso também é conhecido como "Bruxo da Safira" — em referência ao tráfico na Vila Safira. Ele acumula delitos há pelo menos 13 anos, respondendo, além de homicídios, por lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de drogas e posse irregular de armas.

Apesar dos antecedentes, o criminoso foi preso apenas uma vez, em 2010. Na ocasião, ele foi colocado novamente em liberdade onze meses depois.


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