Décima segunda vítima do massacre no Rio é cremada

Décima segunda vítima do massacre no Rio é cremada

Corpo de Ana Carolina Pacheco da Silva foi o último a ser reconhecido pela família

AE

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Um dia depois de mais de 4 mil pessoas acompanharem os enterros de 11 vítimas do massacre da Escola Municipal Tasso da Silveira, na zona Oeste do Rio, familiares e amigos despediram-se, neste sábado, da última estudante assassinada, numa cerimônia reservada. O corpo de Ana Carolina Pacheco da Silva, de 13 anos, foi velado no Memorial do Carmo, no Caju, até o início da manhã, quando foi cremado na presença de menos de 20 pessoas. A menina foi a última vítima do atirador Wellington Menezes de Oliveira a ser reconhecida pela família, que percorria os hospitais enquanto o corpo dela já estava no Instituto Médico Legal (IML).

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A dura tarefa do reconhecimento coube ao pai, Raimundo da Silva, que, muito emocionado, não quis dar entrevistas e pediu que os parentes fizessem o mesmo. Pai de outros quatro filhos, disse apenas que queria guardar a imagem dos olhos claros da filha e que nada poderia amenizar sua dor. A pedido da família, a imprensa não teve acesso à capela do velório, onde foi realizado um culto evangélico na noite de sexta-feira.
 
No crematório, a mãe, Ana Luiza, chorava muito. A família despediu-se da menina com orações e hinos religiosos e deixou o local após rápida cerimônia. Os familiares usaram camisetas brancas com a foto de Ana Carolina estampada sob os dizeres: “Saudades eternas”.

A homenagem foi organizada pela irmã mais velha da menina, que aparece sorrindo na foto com a camisa do Flamengo, durante uma partida que assistiu no Engenhão. ”É assim que tem que ficar a imagem dela, não essa coisa horrível que esse monstro fez”, afirmou um homem que disse ser padrinho da menina, mas não quis se identificar. “Ela era muito sapeca, feliz, falava em ser modelo, mas nem teve tempo de pensar no futuro.”

Feridos

Na manhã de hoje, dez estudantes feridos no massacre permaneciam internados em seis hospitais do Rio, três em estado grave. O corpo de Wellington Menezes de Oliveira, o atirador que, segundo a Polícia, se matou após ser alvejado por um policial, permanecia ontem no Instituto Médico Legal. Nenhum familiar apareceu para reclamar, o que, em uma situação normal, poderia ser enterrado como indigente após 72 horas da entrada no IML.

No entanto, a polícia aumentou esse prazo para 15 dias diante do natural constrangimento da família do assassino. A casa onde ele morou em Realengo quando foi aluno da Escola Tasso da Silveira foi pichada ontem com as palavras “assassino” e “covarde”.

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