Deflagrada operação que busca elucidar morte de filho de brigadiano no Litoral Norte

Deflagrada operação que busca elucidar morte de filho de brigadiano no Litoral Norte

Jovem presente na casa do policial militar teria envolvimento com a agiotagem de um grupo da Colômbia que desentendeu-se internamente

Correio do Povo

Houve o cumprimentos de 14 mandados judiciais

publicidade

A Brigada Militar e a Polícia Civil deflagraram uma operação conjunta na manhã desta quarta-feira em Imbé, Tramandaí e Capão da Canoa, no Litoral Norte, e também em Campo Bom, no Vale do Rio dos Sinos. O objetivo da mobilização foi elucidar a morte do filho do sargento da reserva, de seis anos, cuja residência foi invadida no último domingo por criminosos em Imbé. O ataque possui relação com o homicídio de um colombiano, de 30 anos, envolvido com agiotagem, ocorrido na quinta-feira passada, às margens da ERS 389 (Estrada do Mar), em Capão da Canoa. 

O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, e o subcomandante-geral da BM, coronel Douglas da Rosa Soares, acompanharam pessoalmente a operação policial, que foi coordenada pelo comandante do CRPO Litoral, tenente-coronel Ney Humberto Fagundes Medeiros, e pelo titular da DP de Imbé, delegado Antônio Carlos Ractz Júnior.

"A ocorrência no último domingo nos acendeu um alerta quanto às ações do crime organizado no Litoral Norte. Conseguimos mobilizar nosso efetivo orgânico, utilizando recursos humanos e materiais do 2º BPAT e do 8º BPM, e recebemos apoio do 1º BPChq, do Comando Rodoviário da BM e do Comando Ambiental da BM, juntamente com a Polícia Civil", declarou o  tenente-coronel Ney Humberto Fagundes Medeiros.    

Já o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior destacou que os três bandidos que invadiram a casa do brigadiano "efetuaram mais de 50 disparos com pistolas e só não mataram todos que estavam na casa porque acabaram as munições". De acordo com ele, "o alvo ali era um colombiano, companheiro da neta do policial". Lembrou que na segunda-feira a investigação já havia comprovado a ligação entre os dois crimes.

O trabalho investigativo apontou que um grupo de agiotas colombianos tem atuado no Litoral Norte. "Eles integram uma organização criminosa, onde emprestam dinheiro a juros abusivos. Para essa cobrança, eles se valem da extorsão. Aqui no nosso país, eles lavam dinheiro. Esse dinheiro que acabam emprestando é oriundo de lavagem", frisou o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior, ressaltando a prática ainda de evasão de divisas. "Houve um desacerto entre eles", avaliou, ao referir-se aos recentes crimes. 

Por sua vez, o coronel Cláudio dos Santos Feoli observou que, independente  de um policial militar da reserva e seus familiares terem sido atingidos por ato criminoso, todo o Estado foi atacado. "Não há outro caminho para frear a criminalidade senão sermos reativos", enfatizou o comandante-geral da BM.

OPERAÇÃO

Na operação, foram cumpridos 14 mandados judiciais de busca e apreensão ao amanhecer desta quarta-feira. Três motocicletas, capacetes e roupas foram recolhidos, além de telefones celulares, notebooks, anotações, comprovantes, cartões de propaganda e quantias em dinheiro, entre outros materiais. Em valores, a ação resultou na apreensão de cerca de R$ 15 mil em peso colombiano, euro e dólar, bem como algumas notas falsas de reais. Um colombiano, de 45 anos, foi preso em flagrante com o dinheiro falsificado,

Conforme a BM e a PC, os materiais apreendidos poderão auxiliar os órgãos de segurança pública a esclarecer as circunstâncias que envolveram a invasão da casa do sargento da reserva Alexandre de Jesus Ferreira, 50 anos, ferido ao ser baleado no braço, e no filho dele, Brayan Vidal Ferreira, de seis anos, atingido no braço e na cabeça. Levada ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), em Porto Alegre, a criança não resistiu aos graves ferimentos e faleceu na segunda-feira. 

A invasão ocorreu no final da tarde do último domingo. Três criminosos encapuzados e armados ingressaram, atirando sem parar, na residência da família do policial militar aposentado, situada na rua Getúlio Vargas, na área central da cidade. Os bandidos estavam em um Ford Ka, de cor preta.

Depois da fuga, o veículo foi encontrado incendiado na rua Taquara, próximo à orla de Imbé. O corpo de Brayan Vidal Ferreira, de seis anos, foi sepultado no final da manhã dessa terça-feira no Cemitério Municipal de Imbé. 

Após o ataque, o Comando-Geral da Brigada Militar destinou um reforço de efetivo da Capital ao Comando Regional de Polícia Ostensiva do Litoral (CRPO Litoral) para atuar junto aos policiais militares da região, intensificando os trabalhos de inteligência e resposta qualificada ao caso. A tropa do 1º Batalhão de Polícia de Choque (1º BPChq), de Porto Alegre, foi então enviada e somou-se ao 2º BPAT e 8º BPM.

Foto: Jussara Pelissoli / BM / Divulgação / CP


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895