Denunciados advogados e ex-diretor da Oi por acordo irregular em processo

Denunciados advogados e ex-diretor da Oi por acordo irregular em processo

Cinco réus responderão pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro epatrocínio infiel

Correio do Povo

Cinco réus responderão pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e patrocínio infiel

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A 3ª Vara Criminal de Passo Fundo acolheu denúncia do Ministério Público (MP) e transformou em réu, em mais um processo, o advogado Maurício Dal’Agnol, que dirigia um escritório acusado de ter lesado milhares de pessoas que tinham processos pendentes contra empresas de telefonia, ganhando a causa sem repassar valores ou parte deles. Além de Dal’Agnol, vão responder a processo outros três advogados e mais o diretor jurídico da Oi/Brasil Telecom à época do fato investigado, Eurico de Jesus Teles Neto.

A fraude veio à tona em função da Operação Carmelina, deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro de 2014. Agentes apreenderam uma via do contrato que Dal’Agnol, dois advogados e Teles Neto teriam assinado, em 21 de outubro de 2009, com cláusula de confidencialidade. Conforme o descrito na denúncia, o então diretor jurídico da Oi teria promovido acordos, de forma clandestina, com advogados que tinham processos contra a empresa.

Segundo a denúncia, um dos advogados acordou com Dal’Agnol o valor de R$ 50 milhões para ele, traindo o dever profissional, renunciar a 50% dos créditos de clientes em 5.557 processos em favor da Oi, o que prejudicou cerca de 27 mil clientes que tinham processo contra a telefônica. A estimativa é de que, a partir do pagamento da propina, a Oi tenha conseguido evitar o pagamento de R$ 300 milhões.

Segundo o MP, em nenhum dos acordos os envolvidos mencionaram aos clientes a existência do contrato firmado com a Oi. Os cinco foram denunciados pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e patrocínio infiel. No contrato, os denunciados declararam que o pagamento de R$ 50 milhões era destinado ao saldo de honorários, quando, na verdade, o dinheiro seria proveniente de pagamento indevido para a realização de acordos judiciais que foram prejudiciais aos clientes.

Os R$ 50 milhões recebidos pelo escritório de Dal’Agnol em decorrência do contrato celebrado com a Brasil Telecom em 2009 correspondem, atualmente, pelo índice IPCA/IBGE, a R$ 75,1 milhões. O Ministério Público, na denúncia, propôs o sequestro desse valor corrigido, para resguardar rendas e patrimônio suficientes e viabilizar o futuro ressarcimento de vítimas.

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