Deputado sugere revisão de casos de presos provisórios em viaturas da BM

Deputado sugere revisão de casos de presos provisórios em viaturas da BM

Jeferson Fernandes defendeu atendimento prioritário de detentos para desafogar sistema carcerário

Correio do Povo

Deputado sugere revisão de casos de presos provisórios em viaturas da BM

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O presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da Assembleia Legislativa, deputado Jeferson Fernandes (PT), defendeu um atendimento prioritário à situação dos presos provisórios para desafogar o sistema carcerário e acabar com o problema da superlotação irregular nas celas de delegacias da Polícia Civil ou permanência de detidos em viaturas da Brigada Militar e no Trovão Azul da Susepe. Ele propõe a revisão e a análise “caso a caso” dos apenados que enquadram-se nessa condição.

Segundo Jeferson Fernandes, os presos provisórios representam cerca de 40% da população prisional. “É preciso encontrar outra forma de punição àqueles que representam menos perigo à sociedade”, afirmou, referindo-se aos crimes de menor gravidade. Para o deputado, o Ministério Público, Defensoria Pública e Judiciário podem encontrar uma solução que “não seja o aprisionamento”. A redução em torno de 20% dos presos provisórios, calculou, já resolveria.

Jeferson Fernandes presidiu na manhã desta quarta-feira a audiência pública solicitada pela Ugeirm Sindicato, que representa a categoria dos policiais civis, para tratar da questão. Ele lembrou que a própria legislação ampara a sua proposta em relação às punições por crimes de menor gravidade. “Não é impunidade”, frisou, destacando a existência de penas alternativas. O deputado alertou inclusive que o encarceramento de presos comuns beneficia as organizações criminosas. “Eles são entregues às facções dentro das penitenciárias que aumentam seu exército. O sujeito que entra por traficar dez gramas de maconha fica obrigado a cometer crimes mais graves”, exemplificou.

Conforme o presidente da CCDH, a falta de vagas no sistema prisional afeta a Brigada Militar e a Polícia Civil. Jeferson Fernandes entende que os brigadianos não realizam o policiamento ostensivo para custodiar presos Já os policiais civis deixam de investigar crimes para cuidar os presos nas delegacias, onde podem ocorrer inclusive uma fuga ou rebelião. “A situação é insustentável de um ponto de vista mais global de segurança pública”, avaliou.

Sobre as obras para abertura de novas prisionais, o presidente da CCDH considera “inexplicável” a demora em ‘não concluir 5% do complexo penitenciário de Canoas” pelo atual governo. “Na prática se quisessem resolver, resolveriam...”, disse, em alusão aos problemas surgidos de rede de esgoto e asfaltamento do acesso. Presente na audiência pública, a superintendente da Susepe, Marli Ane Stock, explicou que a estação de bombeamento e esgoto está em fase de conclusão. “Até o final de julho, a Corsan já deve entregar a obra”, estimou.

Conforme ela, a inauguração em breve de 148 novas vagas em Canoas vai amenizar a situação dos presos em delegacias. A abertura dessas vagas em uma galeria do complexo, enfatizou, está sendo antecipada. “Estamos trabalho o mais rápido possível para colocar presos nela”, destacou. Ela assinalou também que a Central de Triagem de Porto Alegre, com 75 vagas, já opera com capacidade máxima.

O vice-presidente da Ugeirm Sindicato, Fábio Castro, espera que a audiência pública chame a atenção das autoridades para “a tragédia que é a manutenção de presos em delegacias”. O dirigente alertou que, na manhã de ontem, estavam cerca de 60 presos “amontoados na DPPA de Gravataí e em viaturas”. Ele disse que no local está até uma viatura da Guarda Municipal de Gravataí que tornou-se uma “cela permanentemente”. Fábio Castro criticou a “falta de política de segurança pública” do governo. “Estamos na iminência de uma tragédia”, concluiu.

Na manhã desta quarta-feira, as celas das DPPAs de Porto Alegre, Região Metropolitana e Vale dos Sinos abrigavam um total de 158 detidos. Já no Trovão Azul, estacionado em um terreno do governo na avenida Sertório, na Capital, estavam 32 presos aguardando transferência para o sistema prisional.

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