Detentos são alvo de operação contra golpes do falso aluguel no Presídio Regional de Bagé
Criminosos aplicaram golpes contra vítimas em todo o RS, afirmou o delegado João Vitor Herédia
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Detentos do Presídio Regional de Bagé foram alvo da Operação Casa Fantasma, deflagrada nesta quinta-feira, por agentes do Departamento de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil. De acordo com a instituição, os presos são responsáveis por uma série de golpes do ‘falso aluguel’, em que se passavam por locadores de imóveis nas redes sociais. A ação também ocorreu em Caçapava do Sul, onde moram outros comparsas da quadrilha.
As diligências somaram oito mandados de busca e apreensão. Na unidade prisional, foram apreendidos 20 celulares.
A ofensiva foi fruto de apurações da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações do Deic. O começo da investigação aconteceu entre dezembro de 2022 e janeiro do ano passado, após denúncias sobre anúncios falsos de imóveis para alugar no litoral gaúcho e em Santa Catarina.
O inquérito policial contou com depoimentos de 15 vítimas. A suspeita é que o número seja maior, porque os golpes eram aplicados contra moradores de municípios em todo o Rio Grande do Sul.
Cinco apenados participavam do esquema. Eles seriam integrantes de uma facção com base no Vale do Sinos, mas que também criou ramificações na região da Campanha. A ficha criminal deles soma antecedentes por tráfico, roubo e homicídio, entre outros delitos.
Entenda o golpe
A investigação aponta que o golpe era aplicado através do Facebook, por meio de grupos onde os membros procuravam por aluguel de casas na alta temporada. As vitimas eram escolhidas a partir das publicações que faziam.
Em um primeiro momento, os criminosos entravam em contato com pessoas que realizavam postagens em busca dos imóveis. Eles então ofereciam propostas de aluguel por preços abaixo dos praticados no mercado. Na sequência, eram exigidos valores de entrada, que seriam a ‘primeira parte’ do aluguel. Era então que os golpistas se apropriavam do pagamento e bloqueavam as vítimas.
O delegado João Vitor Herédia, que coordenou a operação, disse que, para garantir a “locação” dos imóveis, os criminosos enviavam fotos do local e de supostas contas de água e luz, além de uma simulação de contratos de aluguel.
“Eles exigiam um ‘sinal’ de 50% do valor acordado. Após o pagamento, em regra, as vítimas já não conseguiam mais fazer contato com os estelionatários. Foram aplicados golpes contra pessoas trabalhadoras, muitas vezes pais e mães de família, além de idosos. Todos os envolvidos no esquema serão responsabilizados criminalmente”, enfatizou o delegado João Vitor.
Presídio Regional de Bagé
O Presídio Regional de Bagé opera com mais do que o dobro da capacidade. São 260 vagas, para 531 presos.
De acordo com o Sindicato da Polícia Penal (Sindppen/RS), a unidade também sofre com falta de efetivo, o que fragiliza a segurança das muralhas e possibilita o arremesso de objetos ao interior da estrutura.
“Desde novembro, quando a Brigada Militar deixou de vigiar a parte externa do presídio, a situação piorou. Isso ocorre por causa do déficit de policiais penais. O Estado retirou os PMs, mas não repôs o efetivo da Polícia Penal em número suficiente”, afirmou o presidente do Sindppen, Cláudio Dessbesell.
Ainda segundo Dessbesell, a categoria atua com déficit de quase 50% no RS. Ele explicou que, para garantir a segurança das cadeias gaúchas, seria necessário o dobro dos 5,1 mil agentes em atuação.
"Deveríamos ter um total de 10 mil servidores. São necessários 9 mil para atuar no interior das unidades e o restante, para fazer a segurança da área externa”, ponderou.