Disputa territorial por tráfico é a principal linha de investigação para chacina em Cidreira

Disputa territorial por tráfico é a principal linha de investigação para chacina em Cidreira

Em coletiva de imprensa, delegado afirmou que dois dos quatro envolvidos no crime já foram identificados, assim como o carro usado pelos autores

Guilherme Sperafico

Em um dos endereços, criminosos mataram três pessoas e incendiraram duas casas

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A Polícia Civil e a Brigada Militar trabalham desde o início da noite de quarta-feira, para elucidar a chacina que vitimou cinco pessoas e deixou outras duas feridas em Cidreira, no Litoral Norte. Desde então, ao menos dois indivíduos, dentre os quatro que teriam participado do crime, já foram identificados, assim como um carro utilizado pelos criminosos para chegar ao local.

As informações foram confirmadas, durante coletiva de imprensa na manhã de quinta-feira, que contou com a participação do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Litoral e das delegacias de Polícia Civil de Cidreira e Regional. Além do policiamento local, a tropa de choque e o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) também foram direcionados para a região, para aumentar o policiamento na busca por suspeitos.

Conforme a delegada titular da 23° Delegacia Regional de Polícia Civil, Sabrina Deffente, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Porto Alegre, também encaminhou delegados e agentes para auxiliar nos trabalhos de investigação.

Responsável pelo caso, o delegado de Cidreira, Antônio Carlos Ractz Júnior, acompanhou o trabalho durante toda a madrugada e confirmou que dois dos quatro indivíduos já foram identificados, mas ninguém foi preso. A principal linha de investigação é a disputa territorial pelo tráfico de drogas, mas os investigadores também trabalham em outras frentes.

Ractz confirmou a informação de que inocentes podem estar entre os mortos. “Eles não estavam no lugar errado e nem na hora errada. Eles estavam trabalhando. Quem fez errado foram os criminosos que chegaram atirando e assassinaram estas pessoas”, afirmou. Coincidentemente, os dois crimes ocorreram em reciclagens e a maioria das vítimas não tinha sequer suspeita de envolvimento com o crime organizado. Além dos cinco assassinados, duas pessoas foram feridas, sendo uma em cada endereço. Uma delas já recebeu alta e a outra segue hospitalizada, mas sem risco de morte.

Ainda segundo Ractz, os criminosos chegaram ao primeiro endereço, situado em um beco da Rua 22, bairro Parque dos Pinos, pouco depois das 17h, em um veículo Ford Ka Branco. Entraram em um terreno compartilhado entre várias casas e dispararam diversas vezes, contra um número não esclarecido de pessoas. Ao menos uma delas morreu por disparos e outra ficou ferida, sem gravidade. Depois, atearam fogo nas casas e fugiram com o carro de uma das vítimas. A principal hipótese é de que os outros dois mortos, encontrados carbonizados, também tenham sido baleadas.

Após o crime no primeiro endereço, os criminosos percorreram cerca de 600 metros e chegaram ao outro local. Lá, também disparam várias vezes, deixando dois mortos e outro ferido. Segundo a Polícia Civil, durante as ações, as armas chegaram a falhar e, por isso, o número de vítimas fatais não foi ainda maior. Nas proximidades de ambas as casas haviam, inclusive, crianças que presenciaram as execuções.

Nas residências incendiadas, o Corpo de Bombeiros apagou as chamas e constatou os mortos. Os locais foram isolados pela BM e o Instituto Geral de Perícias (IGP) esteve nas cenas para fazer os levantamentos, na tentativa de identificar eventuais rastros deixados pelos executores, assim como apontar a dinâmica com que o crime foi cometido.

O comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Litoral (CRPO Litoral), coronel Ney Humberto Fagundes Medeiros, contextualizou o trabalho que a BM tem feito na cidade, a partir de análises criminais, e ressaltou que neste ano ações da Corporação já resultaram em 140 prisões e 14 armas apreendidas em Cidreira.

Também informou que foram abordadas 3.070 pessoas, fiscalizados 1.179 veículos, feitas 114 barreiras policiais e atendidas 1.690 ocorrências. Ele ainda falou do confronto de uma guarnição da BM na tarde da quarta-feira, com três indivíduos, tendo sido um preso com um revólver, antes da chacina registrada na cidade. O oficial que está respondendo pelo comando do 8º Batalhão de Polícia Militar, capitão Juliano Marques Araújo, disse que todo o esforço policial que vem sendo empregado em Cidreira há meses já evitou a ocorrência de outros crimes semelhantes.

No primeiro endereço, a vítima assassinada a tiros foi identificada como Édison Moura Espindola, de 61 anos, enquanto os mortos carbonizados são Gian Cavalheiro Brisola e Luiz Alberto Xavier de 19 e 68 anos, respectivamente. Já no segundo endereço, os dois assassinados são Florindo Pedroso e Luis Claudio Canabarro dos Santos, de 66 e 44 anos.


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