Em seis anos, taxa de aprisionamento no Brasil sobe 33%

Em seis anos, taxa de aprisionamento no Brasil sobe 33%

País possui a quarta maior população prisional do mundo, com mais de 600 mil presos

AE

Desde 2000, a população prisional cresceu, em média, 7% ao ano

publicidade

Na contramão do que vem ocorrendo entre os países com as maiores populações prisionais do mundo, o Brasil aumentou o seu ritmo de encarceramento em 33% entre 2008 e 2014, conforme o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), divulgado nesta terça-feira, pelo Ministério da Justiça.

O Infopen reúne informações estatísticas do sistema penitenciário nacional, a partir de informações fornecidas pelos gestores dos estabelecimentos penais. No ano passado, foram promovidas alterações metodológicas e na coleta de informações para aperfeiçoar o levantamento dos dados.

De acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o governo do Estado de São Paulo não respondeu ao levantamento - parte dos dados de São Paulo foram obtidos na página da Secretaria de Administração Penitenciária estadual na internet. As autoridades do governo federal acionaram até a Lei de Acesso à Informação para conseguir informações.

O Brasil possui a quarta maior população prisional do mundo - 607.731 pessoas estavam em situação de privação de liberdade em junho de 2014, quando os dados foram coletados -, sendo superado por Estados Unidos (2.228.424 pessoas), China (1.657.812) e Rússia (673.818).

Em termos proporcionais, o Brasil possui 300 presos para cada 100 mil habitantes, uma taxa menor apenas à verificada nos Estados Unidos (698 presos para cada 100 mil habitantes), na Rússia (468) e na Tailândia (457).

O Estado de São Paulo possui o maior número de presos - 219.053 pessoas -, sendo responsável por 36% da população prisional do Brasil.

Aprisionamento
Enquanto a taxa de aprisionamento subiu 33% no Brasil entre 2008 e 2014, a variação foi negativa entre os demais países com maior população prisional no mundo - nos Estados Unidos, caiu 8%; na China, 9%; e na Rússia, 24%.

"Mantida essa tendência, pode-se projetar que a população privada de liberdade do Brasil ultrapassará a da Rússia em 2018", diz o levantamento.

Conforme o documento, o número de pessoas privadas de liberdade no Brasil saltou de 90 mil em 1990 para 607,7 mil no ano passado, um aumento de 575,22%.

"Desde 2000, a população prisional cresceu, em média, 7% ao ano, totalizando um crescimento de 161%, valor dez vezes maior que o crescimento do total da população brasileira, que apresentou aumento de apenas 16% no período, em uma média de 1,1% ao ano", aponta o relatório.

Déficit
O número de presos no Brasil é "consideravelmente superior" às 377 mil vagas disponibilizadas no sistema penitenciário, o que expõe um déficit de 231.062 vagas. A taxa de ocupação média dos estabelecimentos penais brasileiros é de 161% - ou seja, em um espaço que deveria abrigar 10 indivíduos, há 16 pessoas encarceradas.

Tráfico, roubo e quadrilha respondem por 48% dos crimes

Cerca de 48% dos crimes pelos quais o público masculino responde na prisão estão relacionados a tráfico, quadrilha ou roubo, conforme o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen).

De acordo com o levantamento, 25% dos crimes pelos quais os homens respondem na prisão estão vinculados ao tráfico, 21% a roubo e 2% a quadrilha ou bando. Quando se analisa os crimes cometidos no universo feminino, percebe-se que, proporcionalmente, a participação do tráfico é ainda maior entre as mulheres. Conforme o levantamento, 63% dos crimes a que as mulheres respondem na prisão estão relacionados ao tráfico, 1% a quadrilha ou bando, e 7% a roubo.

Proporcionalmente, o número de crimes de roubo registrado entre os homens é três vezes maior que o verificado entre as mulheres.

Tempo de pena
O levantamento também constatou que mais da metade dos presos brasileiros foi condenada a uma pena de até oito anos, ao se analisar os dados de 134.409 presos que tiveram essas informações disponibilizadas. Apenas 1,7% deles tiveram uma condenação superior a 50 anos.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895