Escola em Guaíba onde Gabriel Cavalheiro estudava pede justiça

Escola em Guaíba onde Gabriel Cavalheiro estudava pede justiça

Corpo de jovem foi encontrado em São Gabriel uma semana após abordagem policial e desaparecimento

Christian Bueller

Um dos cartazes feitos por alunos da escola Cônego Scherer, no município de Guaíba

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A comunidade escolar do colégio estadual Cônego Scherer, em Guaíba, na região metropolitana, ainda se pergunta por que o aluno Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, teve seu corpo sem vida encontrado em um açude, em São Gabriel, na fronteira oeste. O jovem, que estava no interior do estado para cumprir serviço militar obrigatório, ficou dias desaparecido após ter sido visto pela última vez em uma abordagem policial.

Neste domingo, enquanto Gabriel era sepultado na cidade onde faleceu, faixas e cartazes de protesto ainda repousavam no muro de acesso à escola de Ensino Médio, na rua Sergipe. Poucas horas antes do cadáver ser localizado, na última sexta-feira, professores, funcionários, estudantes e familiares do rapaz matriculado na turma 204 promoveram uma manifestação pedindo respostas dos órgãos competentes sobre o caso. Entre as mensagens, “queremos justiça por Gabriel”, “agressão não é a solução” e “tem tanta coisa errada que nem cabe em cartaz”.

Na ocasião, a diretora da Cônego Scherer, Maria da Graça Medeiros, lamentou. “Por que ele não está aqui em sua turma hoje junto com todos? Nós não poderíamos deixar isso passar em branco sem nos posicionarmos, sem nos emocionarmos e sem pedir justiça. Queremos justiça em relação ao Gabriel, esse caso não pode passar em branco, ficar impune e ser mais um na estatística do Rio Grande do Sul”, afirmou. As aulas daquele dia foram suspensas pelo falecimento do aluno. “Toda a equipe escolar presta a sua solidariedade aos familiares nesse momento de dor”, disse nota da escola em suas redes sociais.

Os três policiais militares suspeitos de estarem envolvidos na morte de Gabriel foram presos preventivamente e transferidos para o presídio militar em Porto Alegre. O governador Ranolfo Vieira Júnior, lamentou a morte do jovem e prometeu investigação exaustiva. “Venho aqui trazer a minha irrestrita solidariedade aos familiares do jovem. Desde o momento do seu desaparecimento, estou acompanhando diuturnamente este caso”, ressaltou. Um inquérito instaurado e o resultado, conforme a leu, pode sair em 40 dias com prorrogação de mais 20, mas a previsão é que finalize antes do tempo estipulado.

Em Guaíba, as dúvidas persistem. “É estranho porque o guri não era desses que chamamos de ‘vagabundo’, se não, nem estaria nesta escola, onde nunca ouvi ter problemas. Aqui é tudo muito tranquilo”, ponderou Sérgio da Silva Ramos, 71 anos, metalúrgico aposentado, que mora na esquina da escola e lembra de ter avistado Gabriel nas proximidades. “Ele era ‘cumpridão’, usava óculos”, relembra. Luana Souza, 18 anos, que completou o Ensino Médio no ano passado, não se recorda do rapaz, mas ouviu relatos sobre ele. “A namorada do meu colega de trabalho conheceu ele. Dizia que quieto e não era de levar desaforo para casa, mas que não costumava dar trabalho”, diz. A jovem lembra que Gabriel tinha asma, o que poderia trazer problemas, dependendo da abordagem dos policiais militares.

As informações apontam que Gabriel foi abordado na avenida 7 de Setembro, no bairro Independência, por três PMs em uma viatura, após uma denúncia de que ele estava alterado em frente a uma residência. Depois não foi mais visto, até ser encontrado por volta das 16h30 da última sexta-feira, em um açude na localidade de Lava Pé, em São Gabriel.


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