"Estamos chocados", dizem pais de bebê que foi vacinado em clínica interditada

"Estamos chocados", dizem pais de bebê que foi vacinado em clínica interditada

Local em Novo Hamburgo foi fechado por fraude na aplicação de vacinas

Stephany Sander

Clínica foi fechada nesta quinta-feira

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Caroline Alves e o marido levaram seu filho, um bebê de 4 meses para ser vacinado contra febre amarela, e ainda as doses da pneumococo e a ACWY na clínica particular, localizada em Novo Hamburgo, que nessa quarta-feira foi interditada por suspeita de fraude na aplicação de vacinas. "Meu marido é pediatra e esse é o nosso primeiro filho. Estamos chocados."

A clínica também teria doses de vacinas contra a gripe vencidas e conteúdos em condições de conservação inadequada. Além disso, há a suspeita de que as agulhas seriam reaproveitadas em diversos pacientes. Quando o procedimento correto é descartá-las.

Caroline conta que o bebê foi vacinado no dia 18 de janeiro, quando a polícia já investigava o local. Ela disse que chegou a ligar para dois outros locais, mas nenhum outro tinha todas as vacinas que a criança precisava que fazer. "Essa clínica foi a única que tinha todas, porque eram falsas, claro, nunca me passou pelo cabeça que não seriam doses confiáveis", contou a mãe. Ela pagou R$ 680 por todas as doses, valor que ainda teve um desconto de R$ 100.

"Fui muito bem atendida e enquanto uma atendente me distraía, pegando os dados do meu filho, a dona preparou as doses. Eu vi apenas ela abrindo a agulha, algo que pode ser forjado, colando o pacote novamente", descreve ela, afirmando que não estranhou o fato do filho não ter tido dor e nenhuma reação das vacinas, algo normal para as doses aplicadas.

Caroline aguarda para realizar cerca de 14 tipos de exames de sangue no bebê para diagnóstico de alguma possível contaminação.  "Felizmente sabemos como são os procedimentos, mas estamos tendo dificuldade em fazer contato com a Vigilância Sanitária e até mesmo com a Polícia", explica. Ela disse ainda que irá registrar um Boletim de Ocorrência na delegacia que já investiga o caso.




Contraponto

O advogado Luiz Gustavo Puperi, que responde pela defesa da farmacêutica responsável pelo local afirma que o crime não tem vítimas. "Onde estão os pacientes infectados? Agora diversas pessoas aparecerão na dúvida se tiveram as doses das vacinas aplicada ou não, mas porque não contestaram antes? A denúncia foi feita por uma ex-funcionária que deveria ter sido indiciada como coautora. Como ela vê um crime e não toma providências? Minha cliente está sendo a única culpada de algo que não existiu", afirma ele, que ingressou com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça e um pedido de revogação da prisão da farmacêutica que está no presídio Madre Pelletier deste a tarde da quarta-feira.


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