Ex-diretor de penitenciária é denunciado por receber R$ 458 mil de presos em Rio Grande

Ex-diretor de penitenciária é denunciado por receber R$ 458 mil de presos em Rio Grande

Crimes teriam sido praticados entre maio de 2021 e fevereiro do ano passado.

Marcel Horowitz

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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (Gaeco/MPRS) denunciou um ex-diretor da Penitenciária Estadual de Rio Grande (Perg), no Sul do estado, por receber pelo menos R$ 458 mil de presidiários. Ele é acusado, junto a quatro detentos, por corrupção ativa e passiva. Os crimes teriam sido praticados entre maio de 2021 e fevereiro do ano passado.

Segundo a denúncia, o ex-diretor teria aceitado o montante para permitir o ingresso de telefones e acessórios no interior da casa prisional, além de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. A suspeito é que ele possa ter movimentado até R$ 7 milhões, entre 2018 e 2023, através de contas de laranjas, incluindo familiares dele.

De acordo com o promotor de Justiça Rogério Meirelles Caldas, coordenador do Gaeco Sul, em pouco mais de dois anos, os detentos investigados lucraram quase R$ 4 milhões com o tráfico de drogas dentro do presídio.

“Na análise dos materiais apreendidos, foi possível verificar que o ex-diretor fez uma intensa movimentação financeira para a organização criminosa da qual ele pertencia, introduzindo para dentro do presídio expressa quantidade de drogas, como maconha e cocaína, bem como 48 telefones. Os valores foram comprovados por meio de extratos de contas bancárias e também comprovantes de Pix. Também confirmamos que o chefe de organização criminosa tinha estreito relacionamento com o ex-diretor, pois os mesmos se falavam por chamadas de vídeo feitas de dentro da penitenciária”, explica o promotor Rogério Meirelles Caldas.

O Gaeco desencadeou duas operações sobre o caso, em dezembro de 2022 e em julho de 2023. O alvo foi uma organização criminosa sediada em Rio Grande, com base na penitenciária da cidade. Os crimes investigados foram corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.

Na ocasião, um policial penal e o ex-diretor estavam entre os suspeitos. Os dois foram presos preventivamente.

Quando foi preso, no dia 5 de julho, o ex-diretor saia do turno de trabalho. Buscas na caminhonete dele localizaram R$ 60 mil em um fundo falso. O pagamento teria sido feito por um líder de facção que cumpre pena na Perg.

Enquanto ainda estava no posto de diretor da penitenciária, em 2020, ele repudiou um agente que foi preso por entregar drogas aos detentos. À época, ele chegou a dizer que em uma entrevista que a prisão do colega era como “cortar da própria carne”.


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