Ex-secretária da Educação de Porto Alegre e empresário têm prisão prorrogada pela Justiça

Ex-secretária da Educação de Porto Alegre e empresário têm prisão prorrogada pela Justiça

Sônia da Rosa e Jailson Ferreira da Silva foram presos na Operação Capa Dura, que investiga supostas fraudes licitatórias

Marcel Horowitz

Operação Capa Dura investiga supostas fraudes em licitações da Secretaria da Educação de Porto Alegre

publicidade

A ex-secretária da Educação de Porto Alegre (Smed), Sônia da Rosa, teve a prisão temporária prorrogada até sábado. A Justiça também autorizou que o empresário Jailson Ferreira da Silva permaneça detido pelo mesmo prazo. Ambos foram presos na terça-feira, durante a Operação Capa Dura, que investiga supostas fraudes em licitações.

Outras duas servidoras da Smed, sendo uma coordenadora pedagógica e uma assessora técnica, também foram presas no dia da ação. As duas foram liberadas, na mesma data, após colaborarem com as investigações.

A Operação Capa Dura foi coordenada pela 1ª DP de Combate à Corrupção do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). A ofensiva contou com 150 policiais civis. Além das prisões, foram cumpridos 36 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Maranhão.

O foco da investigação é a compra de livros escolares, feita pela Smed em 2022. É apurado o pagamento de R$ 34 milhões por 544 mil livros. A aquisição foi feita através da modalidade conhecida como ‘carona’ ou ‘adesão’. O dispositivo permite que o mesmo formato de uma licitação já realizada um ente público seja reutilizado. Em outras palavras, a Smed não precisou submeter o processo a etapas burocráticas para fazer um certame próprio.

De acordo com a Polícia Civil, houve reuniões prévias entre representantes de empresas e funcionários da Smed. Ainda segundo a corporação, o objetivo teria sido determinar o vencedor de pelo menos quatro licitações. Após a compra, a maior parte dos materiais permaneceu encaixotado em um depósito. O tema motivou a criação de duas CPIs na Câmara de Vereadores.

A investigação resultou também na suspensão do exercício da função pública de oito servidores. Um dos afastados comanda uma secretaria na prefeitura. A medida é válida por 180 dias. O prefeito Sebastião Melo não é investigado.

Um comunicado da prefeitura reforçou que, desde junho, são realizadas apurações internas do caso. A gestão destaca ainda que ‘prima pela transparência e lisura na aplicação dos recursos públicos’. Por fim, a administração municipal se coloca à disposição dos investigadores para a elucidação dos fatos.

“Nenhuma eventual ilegalidade teve ou terá guarida na nossa gestão. Se comprovados crimes, que os agentes - públicos ou privados - sejam exemplarmente punidos. Meu compromisso é com o cidadão de Porto Alegre, que pode ter a certeza da nossa responsabilidade com o que é público”, afirmou Melo, nas redes sociais.

Em nota, o advogado José Henrique Salim Schmidt, que representa Jailson Ferreira, declarou que a prorrogação da prisão é desproporcional e não possui justificativa específica. O comunicado também destaca que o patrimônio do empresário é público e que não há qualquer óbice ou dificuldade no acesso aos fatos investigados.

O Correio do Povo também contatou o escritório do advogado João Pedro Petek, que representa a ex-secretária. O magistrado disse que se manifestaria apenas nos autos do processo.

Leia a nota da defesa de Jailson Ferreira da Silva

Sempre que convidado, o investigado prestou esclarecimentos frente às autoridades.
Seu patrimônio é público e não há qualquer óbice ou dificuldade no acesso aos fatos investigados.

A prorrogação da prisão é desproporcional e não possui justificativa específica, pois todas as diligências, incluindo sua oitiva, foram realizadas.

A divulgação de informações sob sigilo processual será devidamente notificada pela defesa à autoridade competente.

José Henrique Salim Schmidt OABRS 43698


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895