"Executado enquanto descansava na frente de casa", afirma delegado sobre idoso morto em Alvorada

"Executado enquanto descansava na frente de casa", afirma delegado sobre idoso morto em Alvorada

Adão Guimaraes de Souza, de 70 anos, é uma das 16 vítimas de facção alvo da Operação Faciem

Marcel Horowitz

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Mesmo já estando aposentado, Adão Guimaraes de Souza, de 70 anos, ainda trabalhava vendendo produtos de limpeza em Alvorada, na região Metropolitana. O idoso chegou até a se registrar como microempreendedor individual, cadastrando o endereço do empreendimento na Rua dos Gaúchos, no bairro Umbu, no mesmo imóvel onde morava. Nos momentos de descanso, Seu Adão gostava de ficar sentado na frente de casa, simplesmente para observar o movimento ou para conversar com os vizinhos. Foi assim que, no dia 25 de abril de 2022, ele foi baleado e morto por integrantes de uma facção. 

A morte do idoso se soma a outros 15 homicídios, todos cometidos por uma organização criminosa, em Alvorada. O grupo é o principal alvo da Operação Faciem, desencadeada nesta terça-feira, contando com aproximadamente 250 policiais civis e militares. As diligências abrangem 35 mandados de busca e apreensão, que englobam, além do já citado município da região Metropolitana, Porto Alegre, Canoas, Gravataí, e Viamão. Até o momento desta publicação, oito criminosos haviam sido presos, todos em flagrante, por tráfico de drogas. 

Conforme o delegado Edimar Machado de Souza, titular da DP de Homicídios de Alvorada, Adão foi morto após se recusar a vender a casa aos traficantes. A intenção do grupo, segundo o policial, era transformar o imóvel em um ponto de venda de drogas. No entanto, com a recusa do proprietário, os criminosos resolveram executá-lo. 

"Inicialmente, a facção queria comprar a casa, por um preço muito abaixo do valor de mercado. O morador se recusou a vender e passou a ser alvo de ameaças de morte, que acabaram se concretizando", afirmou o delegado. "Ele costumava ficar sentado e descansar na frente de casa. Até que, em plena tarde, os criminosos passaram ali e o executaram."   

Edimar Machado conta que o grupo criminoso também costumava assassinar desafetos, rivais e usuários de drogas que estivessem com dívidas. Em 13 de dezembro, uma jovem de 23 anos foi encontrada morta, no Bairro Tijuca. Ela atuava no tráfico e teria roubado dinheiro da facção. 

Já no início do ano, em 27 de janeiro, um homem de 59 anos foi executado com diversos disparos de arma de fogo, em via pública, no bairro Onze de Abril. Ele seria integrante de uma facção rival ao grupo investigado. 

Dano colateral 

Outra vítima - um usuário de drogas que estava devendo para os traficantes - morreu no bairro Tijuca, no dia 24 de abril. Na ocasião, os disparos não atingiram apenas o homem de 39 anos, que caminhava pela rua Lima e Silva, como também o perpassaram e acabaram perfurando a parede de uma residência, acertando também uma mulher e uma criança de sete anos. As duas foram baleadas mas acabaram sobrevivendo. "Eles atiraram contra um rapaz, que seria um usuário. Os disparos também atingiram a parede de uma casa de madeira e acabaram ferindo mãe e filho", destacou o delegado Edimar.

Apesar de presença em Alvorada, a facção tem origem no bairro Bom Jesus, na zona Leste da Capital. O grupo também atuava vendendo drogas no Centro, atuando no entorno do camelódromo. 

Mais cedo, foi preciso uma retroescavadeira para que policiais pudessem entrar em um prédio na Praça Rui Barbosa, também no Centro de Porto Alegre. O imóvel era utilizado como base da facção, funcionando também como central de distribuição de drogas. Em outras palavras, era para lá que eram enviadas porções de drogas para serem vendidas na região Central.

O Correio do Povo apurou que o líder do grupo é Deividi Vilanova dos Santos, o 'Zóio'. Ele cumpre pena na Penitenciária Modulada de Charqueadas, de onde enviava ordens aos subordinados. 


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