Exumação de corpo de agricultor morto em Osório deve ocorrer na próxima semana

Exumação de corpo de agricultor morto em Osório deve ocorrer na próxima semana

Técnica em enfermagem do hospital admitiu ter injetado alimento na veia do paciente

Correio do Povo

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O pedido de exumação do corpo do agricultor José Antônio da Silva, de 90 anos, que morreu no Hospital São Vicente de Paulo, em Osório, no Litoral Norte, foi deferido pela Justiça, segundo o delegado da Polícia Civil (PC) João Almeida. Com a medida,  a retirada deve ocorrer na próxima sexta, dia 23 de novembro.

A solicitação da Polícia Civil foi feita depois que uma técnica em enfermagem da instituição de saúde admitiu à reportagem da Rádio Guaíba ter injetado, por descuido, alimento na veia do paciente. Ela disse ainda que a supervisora da equipe determinou que o caso fosse ocultado das autoridades e da família. "Botei a alimentação na veia do paciente, não sei se por distração. Depois veio a notícia de que o seu José tinha falecido", confessou funcionária do hospital.

A PC abriu inquérito para investigar um possível homicídio culposo (sem intenção de matar) devido à suposta imperícia da técnica. A investigação também vai solicitar laudos médicos para apurar a revelação de que a verdadeira causa da morte foi mantida em segredo para evitar uma responsabilização penal dos envolvidos.

Na certidão de óbito de Silva consta como causa da morte “Parada Cardio Respiratória, Hemorragia Digestiva”. O documento obtido pela reportagem foi assinado pelo médico Saleh Asad Abdalla Júnior. Não foi ele, no entanto, segundo a técnica ouvida pela reportagem, que tentou reanimar a vítima e que declarou a morte.

Ligação anônima relata morte de agricultor


Gomes informou que a PC recebeu uma ligação anônima na noite dessa quarta-feira narrando como ocorrera a morte do agricultor. O policial contou que a equipe de investigação foi até o centro de saúde, mas não constatou provas que confirmassem a denúncia. "Disseram (no telefonema) que uma técnica em enfermagem teria feito um erro, mas ela (conforme o hospital) nem estaria naquela escala (do dia da morte)", esclareceu o delegado. Silva foi sepultado na tarde dessa quinta-feira, no Cemitério Municipal Santo André, em Maquiné, onde vivia.

Conforme a técnica de enfermagem e uma outra funcionária do hospital, depois de constatada a morte do idoso, a enfermeira que estava no plantão ordenou: “Todos para dentro da sala”. Outras quatro técnicas em enfermagem ouviram: “Limpem ele (o braço do agricultor, onde havia resquícios da dieta) e recolham os materiais. Esse assunto não sai daqui. Morre aqui. O médico não viu nada."

Dois dias de pesadelo para funcionárias

A técnica de enfermagem que confessou o erro foi aconselhada pela chefia a ir para casa e retornar nessa sexta-feira ao Departamento de Recursos Humanos. Na quarta, após a dispensa, ela perambulou por duas praças de Osório. Ficou com as filhas, silenciou diante de parentes. “Ela estava muito estranha”, disse uma enteada.

A outra funcionária do hospital, que participou de uma reunião classificada por ela de “coação”, não conseguiu conter o sentimento de indignação. “Não consigo dormir. A família do paciente tem o direito de saber o que aconteceu. Isso é crime”, disse.

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