Familiares buscam justiça após morte de menino de dois anos em Cidreira

Familiares buscam justiça após morte de menino de dois anos em Cidreira

Anthony Chagas de Oliveira morreu ao chegar no Posto de Saúde 24 Horas, e já foi sepultado em Guaíba

Felipe Faleiro

Anthony tinha apenas dois anos quando faleceu, na última sexta-feira

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O menino Anthony Chagas de Oliveira, 2 anos, foi descrito por uma familiar como “uma criança super calma, que não costumava chorar ou fazer bagunça”. “Era aquela criança que quase não se ouvia a voz dele”, disse ela, preferindo não se identificar. De acordo com a Polícia Civil, Anthony foi levado desacordado e com lesões múltiplas pelo corpo ao Posto de Saúde 24 Horas, em Cidreira, no Litoral Norte, no final da tarde da última sexta-feira, pelo padrasto e pelo pai do padrasto. Após tentativas frustradas de reanimação, o menino morreu no local. A reportagem conversou com ela e outro familiar do menino, que contaram suas versões do fato.

O velório e o sepultamento já ocorreram em Guaíba, na região Metropolitana de Porto Alegre, onde a família morava antes de se mudar para o Litoral. A Brigada Militar foi acionada pela equipe médica logo após a morte, em razão das lesões. Familiares foram intimados a depor na Delegacia de Tramandaí, que investiga o caso. O padrasto, o pai dele, bem como a mãe do menino já prestaram depoimento. O pai de Anthony também foi localizado e deve ser ouvido pela polícia. Nas redes sociais, ele publicou uma foto do filho e escreveu: “Luto eterno”.

“Não tem justificativa o que foi feito com ele. Temos aquele sentimento de justiça. Estamos atrás do que houve, e queremos que os responsáveis sejam punidos”, disse esta familiar. A mãe de Anthony tem também outra filha, de 6 anos de idade, que vive com o pai biológico. “Ela [mãe] não pediu ajuda ao depor sozinha na delegacia”. De acordo com esta parente de Anthony, o namorado atual da mãe do menino “parecia apavorado” quando saiu do depoimento, “passando a mão na cabeça toda hora”.

“O pai do namorado dela apenas dizia que Anthony havia passado mal e justificava os hematomas a tombos de brincadeiras”, afirmou. Ao menos um braço teria sido quebrado e diversos hematomas foram localizados, como no abdômen, pés, rosto e braços. Outra informação dita por esta parente é de que Anthony estaria em uma lancheria no Centro de Cidreira, “bem e sem machucados”, e que haveria câmeras de segurança no estabelecimento.

"Mal súbito" e "fatalidade", diz outro familiar

Depois da morte, o corpo do menino chegou a ser encaminhado a partir do Posto Médico-Legal (PML) de Osório para Porto Alegre para ser analisado. “Só depois voltou para o IML de Osório”, disse ela. A família de Anthony estaria atualmente morando no mesmo terreno em Cidreira. O outro familiar localizado pelo Correio do Povo, e próximo ao padrasto, disse que não gravaria entrevista, mas, por meio de áudio, afirmou que o menino teve “um mal súbito e caiu”. “O Anthony passou mal e foi atendido imediatamente após desacordar. Ele foi muito bem tratado e muito bem socorrido”.

“Tivemos uma perda irreparável, um anjo de 2 aninhos, que era a luz desta casa. E o que estão falando não procede. O Anthony era tratado como um príncipe dentro de casa”, relatou ele, que também compartilhou mensagens de luto. Conforme este segundo familiar, o que ocorreu foi uma “fatalidade”. “É impossível, neste momento, dar qualquer tipo de esclarecimento. Esperamos o laudo da perícia para provar em definitivo que não foi o que estão dizendo. A gente vai passar por isto de cabeça erguida para podermos poder sofrer o nosso luto.”

Oficialmente, a Polícia Civil não se pronuncia a respeito do caso. O delegado Rodrigo Nunes, titular da DP de Tramandaí, afirma que, “para não prejudicar o êxito, irei me pronunciar apenas ao fim das investigações”. “Estamos realizando outras diligências, as quais serão mantidas sob sigilo até a conclusão do inquérito, que deverá ocorrer com a maior brevidade possível”, diz ele.


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