Feminicídios crescem 10,8% em quatro anos, aponta pesquisa

Feminicídios crescem 10,8% em quatro anos, aponta pesquisa

Estudo revelou também que mais de 112 mil mulheres foram estupradas no país só nos primeiros semestres desse período

R7

Total de tentativas de feminicídio aumentou 74,6%, saltando de 2.075 para 3.624 notificações

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A violência de gênero e a violência intrafamiliar cresceram nos últimos quatro anos, de acordo com dados do levantamento realizado pelo FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) e divulgado nessa quarta-feira (7). Segundo a pesquisa, o número de casos de feminicídio cresceu 10,8% durante este período.

O estudo reuniu as estatísticas criminais de feminicídio e estupro dos primeiros semestres dos últimos quatro anos e constatou que houve 2.671 mortes somente durante esse período. Desse total, 699 casos ocorreram entre janeiro e junho deste ano, um aumento de 3,2% na comparação com 2021.

Isso significa, segundo o levantamento, uma média de quatro mulheres mortas por dia. No caso dos estupros, foram 29.285 ocorrências em 2022, um aumento de 12,5%, dos quais 74,7% foram registrados como estupro de vulnerável, em que as vítimas são incapazes de consentir com o ato sexual.

No acumulado dos quatro anos, mais de 112 mil mulheres foram estupradas no país se levado em consideração apenas o primeiro semestre de cada ano.“Os dados mostram que a violência contra a mulher aumentou nos últimos quatro anos, ao mesmo tempo em que o investimento em políticas públicas foi deliberadamente reduzido, sobretudo em nível federal. É importante observar que o aumento de 10,8% no número de feminicídios contrasta com uma série de outros crimes, como os homicídios em geral, que caem ano a ano desde 2018”, explica Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Segundo o levantamento do Fórum, a região Norte é a que acumula maior crescimento no período de quatro anos: 75%, seguida pelo Centro-Oeste (29,9%), Sudeste (8,6%) e Nordeste (1%). Apenas a região Sul teve redução no número de feminicídios registrados entre 2019 e 2022, com queda de 1,7%.

As elevações mais acentuadas de casos no período foram registradas nos estados de Rondônia (225%), Tocantins (233,3%) e Amapá (200%), que aparecem entre os 16 estados que mantiveram os índices desde 2019 ou apresentaram algum tipo de crescimento nas estatísticas.

Outros 11 estados apresentaram redução: Alagoas (-42,3%), Bahia (-2,1%), Distrito Federal (-42,9%), Espírito Santo (-6,3%), Paraná (-33,3%), Piauí (-18,8%), Rio Grande do Norte (-35,7%), Roraima (-50%), Santa Catarina (-9,4%), São Paulo (-11,8%) e Sergipe (-9,1%).

Estupros de vulnerável

De acordo com os dados reunidos pelos pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre janeiro e junho de 2022 foram registrados 29.285 estupros em vítimas do sexo feminino, um aumento de 12,5% em relação ao primeiro semestre de 2021. E 74,7% dos casos foram estupros de vulnerável — quando a vítima é incapaz de consentir. Isso significa que, entre janeiro e junho deste ano, ocorreu um estupro de menina ou mulher a cada nove minutos no Brasil, em média.

Os dados também mostram que os registros de casos de estupro e estupro de vulnerável seguem em alta e já atingem os patamares registrados antes da pandemia de Covid-19. No primeiro semestre de 2019, foram 29.814 registros de estupro no Brasil, enquanto em 2020, no auge da pandemia, o número chegou a 25.169 registros nos primeiros seis meses. Esses resultados voltaram a subir já em 2021, com 28.035 registros, e em 2022, com 29.285 casos.

“A pandemia levou a um aumento de subnotificação de vários crimes", afirmou Isabela Sobral, supervisora do Núcleo de Dados do FBSP. "No caso do estupro, os índices de notificação já são altos porque é um crime que necessariamente exige um exame de corpo de delito nas vítimas para ser registrado. Durante o período mais intenso de isolamento social, a diminuição do acesso às delegacias e demais serviços de denúncia e proteção impactou negativamente no acesso às vítimas para o registro", ressalta.


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