Foragido que seria líder de facção na Serra gaúcha é preso em SC

Foragido que seria líder de facção na Serra gaúcha é preso em SC

Suspeito foi capturado em Itapema; advogado nega que ele exerça liderança em facção

Marcel Horowitz

Possível líder de facção estava foragido desde 2022, foi preso em Itapema

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Um dos foragidos mais procurados pelas forças de segurança na Serra gaúcha foi preso nesta quarta-feira. Apontado como líder de uma facção, ele foi capturado durante uma ação conjunta entre Polícia Civil e Polícia Federal, no município catarinense de Itapema.

O fugitivo tem condenações que ultrapassam 34 anos de reclusão. Os antecedentes dele somam registros por roubo a estabelecimento bancário, receptação, tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Além disso, ele responde a dois processos em que é acusado de envolvimento em um roubo a banco em Bento Gonçalves.

Em maio de 2022, o preso havia sido beneficiado com progressão de pena em regime aberto, com o uso de tornozeleira eletrônica. No mesmo ano, em setembro, ele rompeu o dispositivo e fugiu. Ele seria um dos líderes de uma facção criada no bairro Bom Jesus, na zona Leste de Porto Alegre, mas que também criou ramificações na Serra gaúcha.

De acordo com a Polícia Civil, o foragido seria um dos artífices da guerra entre duas facções em Caxias do Sul. O conflito deixou 17 mortos em janeiro, o mês mais violento dos últimos seis anos no município.

A recaptura do preso mobilizou agentes da Delegacia de Homicídios e da Delegacia de Polícia Federal em Caxias. Após os procedimentos legais, ele foi conduzido ao sistema penitenciário do Estado de Santa Catarina, onde permanecerá à disposição da Justiça.

O advogado Andrei Felipe Valandro explica que seu cliente decidiu fugir após o nascimento do filho. “Ele foragiu em decorrência de uma condenação pelo delito de tráfico. Foi determinado que ele voltasse para a prisão e, neste meio tempo, nasceu o filho dele. Por isso ele fugiu”, disse.

Ainda de acordo com o jurista, o capturado não tem envolvimento com a disputa entre facções em Caxias do Sul. Ele também nega que o preso exerça a liderança de uma organização criminosa.

"A Polícia diz que todo mundo é liderança mas, no Brasil, o que seria um ‘líder de facção’? Poderia ser dito que ele era integrante, mas não líder. Fato é que, no sistema penitenciário, os presos são obrigados a pertencer a um grupo”, destacou.

“Também não é verdade que ele estaria envolvido com as mortes em Caxias do Sul. Ele não tem nenhum envolvimento com isso. Os crimes dele tem a ver com roubos, ele nunca mandou matar ninguém e nem teve qualquer participação em homicídios”, enfatizou o advogado.

Guerra do tráfico em Caxias

A Polícia Civil não descarta que a disputa entre facções tenha relação com as mortes de dois líderes do tráfico na Serra. O primeiro deles é Jeferson Neves Montanari, o Fera, de 40 anos.

Fera foi morto com pelo menos dez disparos, no dia 26 de junho de 2023, dentro da própria empresa de guinchos, na BR 116, em Vacaria. Ele era apontado como o maior distribuidor de crack de Caxias do Sul. A quadrilha dele teria vínculos com a facção originária da zona Leste de Porto Alegre.

No mês seguinte à morte de Fera, em julho, ocorreram 12 homicídios em Caxias. A maior parte dos casos foi tratado como retaliação. A vingança perdurou até o final do ano. O município contabilizou nove mortes em dezembro.

A investigação aponta que um novo ciclo de violência teve início a partir do dia 6 de janeiro, com a morte de Bruno Minozzo da Silva, de 33 anos. Ele foi morto a tiros em um posto de gasolina na RS 122, em São Vendelino.

A execução ocorreu horas após a saída dele da Penitenciária Estadual de Caxias do Sul (Pecs). No dia seguinte, um suspeito foi preso.

Bruno era suspeito de envolvimento na morte de Fera. Ele também seria liderança de uma facção, essa com berço no Vale do Sinos, rival ao grupo liderado por Fera.


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