Furtos de fios de cobre aumentam em Porto Alegre

Furtos de fios de cobre aumentam em Porto Alegre

Locais sem vigilância noturna são os pontos mais suscetíveis a esse tipo de ataque, alerta delegado

Taís Teixeira

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Após uma série de furtos dos cabos de fios de cobre do Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho, há quase duas semanas, o prédio ficou sem energia elétrica, o que pode comprometer a integridade do acervo, que necessita de climatização e desumidificação. Foram levados toda a fiação e também os disjuntores do casarão do século XIX, situado na avenida Bento Gonçalves, 112, no bairro Partenon. Esse caso reacendeu um problema que está cada vez mais frequente na Capital e no Estado: o furto de cabos de fios de cobre. 

A Trensurb também passa por essa situação, sendo que em 2021, a estatal registrou 62 ocorrências até o fim de agosto, número que é recorde no furto dos sistemas de fios na Região Metropolitana de Porto Alegre (RPMA). 

O delegado Luciano Peringer, titular da Delegacia de Polícia de Repressão a Crimes contra o Patrimônio de Serviços - Delegados do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DRCP/Deic), explica que esse tipo de furto aumentou muito em decorrência da pandemia e também devido a outros fatores, como a valorização do dólar, o que tornou a importação do cobre muito onerosa e, consequentemente, tornou o metal muito atrativo para a prática de furto. "Em Porto Alegre, chegaram a pagar entre R$ 41 e R$ 42 nas vilas pelo cobre ‘sujo’, não beneficiado", informa. 

Destino

Peringer disse que há dois destinos para o metal furtado. Um é para a manutenção do vício. "São pessoas que roubam em pequena quantidade e trocam por drogas", contou. Neste caso, as incidências ocorrem em locais próximos a pontos de venda de entorpecentes. O outro é quando técnicos, ou ex- técnicos de operadoras de telefonia, por exemplo, que conhecem o sistema e dispõe de equipamentos apropriados entram em ação. "São furtos de grandes metragens e que são vendidos. Esse cobre não é reutilizado, mas é processado. É transformado em lingotes em indústrias”, enfatiza. 

O delegado esclareceu que a DRCP atende casos quando as concessionárias são as vítimas. Na Capital, não há locais específicos de mais incidência, sendo que os furtos são sazonais. “Se for hoje, eu diria que os bairros Santa Tereza, Medianeira, Cristal são os que estão com mais ocorrências”, afirma. Porém, também há períodos em que os bairros Floresta, São Geraldo, Quarto Distrito ficam na mira. “Esse é um ponto de concentração que tem onde vender, que são algumas lojas na Voluntários da Pátria, e tem uma vila próxima, que é a dos Papeleiros”, esclarece. 

Já os especialistas procuram locais mais afastados, como o Litoral Norte, pequenas cidades com alto volume de cabeamentos. Peringer ressalta que cidades como Pelotas, Rio Grande e Lajeado já passaram por esse tipo de crime. O delegado adverte que locais sem vigilância noturna e mais abandonados são mais suscetíveis a esse tipo de ataque.

Pena 

A pena individual para quem subtrair fios de cobre pode ser de 2 a 8 anos por furto qualificado, sendo que se estiver associado à organização criminosa responde por mais esse crime. Quem compra tendo conhecimento da origem do material, também pode pegar de 2 a 8 anos. "Agora, se for comerciante, pode ser de 2 a 8 anos ou de 3 a 8 anos, conforme o caso", salienta.


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