Ganhador da Mega-Sena tentou liberar R$ 3 milhões antes de ser assassinado

Ganhador da Mega-Sena tentou liberar R$ 3 milhões antes de ser assassinado

Jonas Lucas Alves Dias já estava em poder dos bandidos e sofria tortura física e psicológica para entregar o dinheiro à quadrilha

AE

Velório de Jonas Lucas, ganhador da Mega-Sena assassinado, teve esquema de segurança nesta sexta

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Pouco antes de ser morto, o ganhador de R$ 47,1 milhões na Mega-Sena Jonas Lucas Alves Dias, de Hortolândia, interior de São Paulo, pediu de forma insistente à gerente de seu banco para que liberasse R$ 3 milhões da conta. Ele já estava em poder dos bandidos e sofria tortura física e psicológica para entregar o dinheiro à quadrilha, segundo a polícia. O milionário alegou que o recurso seria para a compra de uma propriedade rural.

"Consegue liberar isso para mim? Estou aqui na fazenda, preciso fechar isso aqui hoje", pediu. As conversas estão em áudios obtidos pela investigação, conforme a Polícia Civil confirmou à reportagem. Por causa do valor alto da transferência, o montante só poderia ser liberado presencialmente. Dias havia sido sequestrado pouco antes das 6h30 do dia 13 e foi encontrado por volta das 4h30 do dia seguinte, desacordado, à margem da Rodovia dos Bandeirantes. Socorrido, morreu em um hospital da cidade.

A investigação já apontou quatro suspeitos de participação no crime. Dois estão presos. Os foragidos já tiveram a prisão decretada e estão sendo procurados. Conforme a delegada Juliana Ricci, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba, a vítima foi espancada de forma brutal pelos criminosos para revelar a senha do cartão e transferir dinheiro da conta. O fato de não ter conseguido sucesso na transferência provavelmente exasperou os agressores, segundo ela.

Quando foi abandonado na margem da rodovia, Dias já estava praticamente agonizando, com muitos ferimentos, principalmente no rosto. Seu corpo estava molhado pela chuva que caiu naquela noite. Imagens obtidas pela polícia mostram que os dois veículos usados pelos criminosos - uma picape S-10 prata e um automóvel Fiesta preto - rondavam a casa do milionário, indicando, segundo a investigação, que a quadrilha já conhecia seus hábitos. Naquele início de manhã, Dias repetiu o que fazia todos os dias, saindo de casa por volta de 5h30 para ir à padaria, onde comprou esfirra, suco de laranja e pães.

O homem voltou para casa, entregou os pães à irmã e saiu para caminhar, momento em que foi arrebatado e colocado na S-10. Duas horas depois, o sequestrador que dirigia a picape, Marcos Vinicyus Sales de Oliveira, o Vini, de 22 anos, foi flagrado por câmeras em uma agência da Caixa Federal, em Campinas, usando o cartão da vítima para fazer saques. Ele fez dois saques no valor de R$ 1 mil cada e, em seguida, uma transferência de R$ 18,6 mil na conta de uma jovem de 24 anos, identificada como Rebeca Messias Pereira Batista.

A jovem foi presa neste domingo, pela Guarda Municipal de Santa Bárbara d’Oeste, e levada para o Deic de Piracicaba, interior paulista. Ela alegou que foi abordada por duas pessoas e convencida a abrir uma conta em seu nome para receber benefícios do governo. Rebeca continuava presa anteontem. O companheiro dela foi levado à delegacia, mas acabou liberado.

Também está preso desde sábado Rogério de Almeida Spínola, de 48 anos, que estava em um dos veículos flagrados no cenário do crime. Com passagens pela polícia por roubo, furtos, homicídio, estelionato e lesão corporal, ele cumpriu 15 anos de prisão e estava em liberdade desde dezembro. Como Spínola, Marcos Vinicyus também é egresso do sistema prisional. Preso por estelionato e receptação, ele deixou o sistema penitenciário em setembro de 2021. Os dois moram em Santa Bárbara d’Oeste, cidade vizinha de Hortolândia, e podem ter planejado em conjunto o crime, segundo a delegada Juliana.


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