Governo ganha prazo para apresentar medidas sobre superlotação do Central

Governo ganha prazo para apresentar medidas sobre superlotação do Central

Comissão Interamericana de Direitos Humanos concedeu até 28 de agosto

Karina Reif

União tem até dia 28 de agosto para mostrar as soluções sobre superlotação do Central

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O governo federal tem até dia 28 de agosto para apresentar um cronograma com medidas para resolver o problema de superlotação do Presídio Central em Porto Alegre, considerado o pior do Brasil. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) concedeu o prazo após o pedido da União por mais tempo. A Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) recebeu uma notificação sobre a decisão. O Fórum da Questão Penitenciária já havia encaminhado petição requerendo audiência para análise do caso do Central e das demais casas prisionais do Rio Grande do Sul. Isso porque as obras previstas para 2014, que incluíam novas prisões e ampliações das vagas, não foram feitas.

Integrantes do Fórum se reuniram ontem na Capital para tratar do assunto e apresentar contribuições para uma proposta de lei do deputado estadual Tiago Simon (PMDB). A ideia do parlamentar é criar um fundo penitenciário. Os recursos viriam de custas judiciais, que poderiam gerar cerca de R$ 30 milhões anualmente, caso o valor fosse aumentado em 1% ou 2%. “Vivemos uma situação gravíssima e há muito tempo. O Fundo teria recursos adicionais e seria administrado por um conselho”, afirmou.

O juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC) Sidinei Brzuska afirmou que o Judiciário utiliza a estrutura carcerária e, por isso, seria razoável contribuir. “Temos que ter vontade política e bom senso”, declarou o presidente da Ajuris, Eugênio Couto Terra.

Durante o encontro, o professor do curso de Direito do Centro Universitário Metodista (IPA) Celso Rodrigues apresentou um perfil dos presos com idade até 29 anos do Presídio Central. A definição da faixa etária da amostra ocorreu porque a maior parte dos ingressantes na penitenciária é de jovens, sendo que a maioria até 21 anos. O estudo com 270 detentos mostrou que 69% deles não passaram pela Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase). A metade trabalhava com carteira assinada nos últimos 12 meses. “Isso derruba o mito da carreira criminosa, que é um evolucionismo barato”, declarou ele. Conforme os dados, 87% têm interesse em trabalhar dentro e fora da prisão. Dos entrevistados, 69% não concluíram o ensino fundamental e que 80% repetiram pelo menos uma vez o ano escolar. Quando foram presos, 91% deles não estavam matriculado em nenhuma escola ou curso.

O perfil traçado pelo estudo é de um preso que nunca participou de projetos sociais para jovens, não fugiu de casa, nem morou em albergue. Cerca de 60% deles foram presos por tráfico ou roubo. A grande maioria não tem advogado.
Esta é a primeira fase da pesquisa, que deve ter outras duas etapas. Além dos dados quantitativos, as informações serão analisadas qualitativamente. Os resultados deverão contribuir com o Fórum.

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