Grupo criminoso que sequestrou filhos de empresários é alvo da Polícia Civil no RS
Oito suspeitos, incluindo uma advogada, são investigados pela 1ª Delegacia de Roubos do Deic
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O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil deflagrou na manhã desta sexta-feira a operação Chapatral contra o grupo criminoso que sequestrou dois filhos de um empresário em outubro do ano passado em Porto Alegre. A equipe da 1ª Delegacia de Roubos (1ª DR), coordenada pelo delegado João Paulo de Abreu, apurou oito envolvidos no crime de extorsão mediante sequestro. O cativeiro ficava no bairro Restinga, na zona Sul da Capital.
“Os dois interlocutores responsáveis pela extorsão foram identificados, bem como foi possível identificar ao menos três outros homens, responsáveis pelo arrebatamento das vítimas”, revelou o delegado João Paulo de Abreu. O titular da 1ª DR citou ainda que uma advogada seria uma das responsáveis pela negociação do preço de resgate e também por coletar o valor pago a título de resgate, além da proprietária do imóvel utilizado como cárcere das vítimas e o dono do veículo utilizado para o arrebatamento.
Na ação, mais de 110 de policiais civis cumpriram 22 mandados de busca e apreensão e cinco ordens de prisão preventiva, além de bloqueios de valores em 12 contas bancárias de pessoas e físicas e jurídicas, no montante de R$ 200 mil, em 21 residências em Porto Alegre, Esteio, Alvorada e Gravataí, além de Campo Largo, no Paraná.
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) prestou apoio ao trabalho policial na Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul. Quatro suspeitos foram detidos ao longo do trabalho investigativo e mais um na manhã desta sexta-feira. Houve o recolhimento de um Range Rover Evoque, telefones celulares, drogas e balança de precisão, entre outros.
Segundo o delegado João Paulo de Abreu, os criminosos em princípio não conheciam as vítimas. “Foram sequestrados pela questão financeira”, resumiu. Os dois irmãos, de 25 e de 27 anos, foram arrebatados na manhã do dia 21 de outubro do ano passado no bairro Jardim Itu-Sabará, na zona Norte da Capital.
“A investigação preliminar sobre os fatos relevou que dois veículos participaram da ação criminosa, abordando as vítimas em via pública. Os criminosos, segundo testemunhas, verbalizaram com as vítimas, identificando-se como policiais e que os irmão deveriam acompanhá-los. Dali, levam as vítimas para local desconhecido”, explicou o titular da 1ª DR. “A família passou então a ser extorquida, por meio de mensagens de WhatsApp, no valor de R$ 1,7 milhão”, acrescentou.
Vítimas liberadas na zona Sul
As vítimas foram libertadas no final da noite do dia 22 de outubro na estrada Costa Gama, no bairro Belém Velho, na zona Sul da Capital. Houve o pagamento de resgate, em um valor menor do que o exigido, sendo a quantia deixada em uma lixeira na rua Chapatral, no bairro Restinga. Para a lavagem de dinheiro, os valores foram depositados em contas bancárias e enviados para pessoas físicas e jurídicas.
“Descobriu-se, já naquela noite, que o cativeiro das vítimas foi um imóvel residencial”, lembrou, citando que a residência usada ficava na mesma região. “Infelizmente, houve o pagamento de resgate, circunstância que, por outro lado, foi significativa, para identificação de uma das hipóteses de autoria, ratificada ao longo da investigação”, avaliou o delegado João Paulo de Abreu.
Ele frisou que desde o começo da investigação foi dado assessoramento à família das vítimas. “Uma série de diligências foram realizadas com a finalidade de se buscar a identificação do paradeiro das vítimas e a prisão dos sequestradores”, enfatizou.
De acordo com o titular da 1ª DR um dos que negociou o pagamento do resgate e extorquia a família tem 27 anos e possui antecedentes por homicídio doloso, receptação dolosa e porte de arma de fogo. Ele estava recolhido na Penitenciária de Porto Alegre e inclusive é defendido pela advogada suspeita, de 42 anos, e proprietária do Range Rover Evoque. O veículo foi avistado no dia do recolhimento do dinheiro pago pelo resgate. Preso nesta sexta-feira, um dos que extorquiam e negociavam o valor do resgate, de 26 anos, tem antecedentes por homicídio doloso.
Já um dos três arrebatadores das vítimas, de 28 anos, tem ficha criminal por tráfico de drogas e roubos a motoristas de cargas, pedestres e veículos, além de assaltos a lojas de telefones celulares na Capital e Região Metropolitana. O cúmplice, de 22 anos, também tem participação em roubos de lojas de celulares e ostenta antecedentes por tráfico de drogas e assaltos. Por sua vez, o terceiro arrebatador, de 23 anos, é envolvido igualmente em ataques aos estabelecimentos comerciais que vendem aparelhos telefônicos. Ele tem antecedentes por tráfico de entorpecentes e roubos.
Os agentes da 1ª DR identificaram ainda a mulher, de 40 anos, proprietária da casa usada como cativeiro, e de um homem, de 55 anos, dono de um Toyota Etios utilizado em princípio para o arrebatamento das vítimas.
Foto: PC / Divulgação / CP