Homenagens marcam os dez anos da tragédia da boate Kiss

Homenagens marcam os dez anos da tragédia da boate Kiss

Exposições e exibição de documentários reforçam pedido por justiça em Santa Maria

Felipe Samuel

Salva de palmas marcou homenagens às 242 vítimas do incêndio

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Apresentação de grupo teatral, cultos ecumênicos, exposições e exibição de documentários marcaram nesta semana as homenagens às vítimas do incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, que completa dez anos. Por volta das 23h de quinta-feira, o grupo fez uma caminhada da Praça Saldanha Marinho até o local da tragédia da madrugada de 27 de janeiro de 2013, localizado na Rua dos Andradas. No local, houve um minuto de silêncio e, em seguida, uma salva de palmas em homenagem às 242 vítimas.

Uma faixa com a mensagem “Você se sente pertencente à tragédia da Kiss?” foi fixada na fachada da boate. Outros cartazes lembravam os dez anos da tragédia traziam mensagens como “Onde você estava no dia 27 de janeiro de 2013” e “Janeiro 27 - Boate Kiss 10 anos. Resgatar a memória é construir o futuro”. Mãe de uma das vítimas do incêndio, Marilene dos Santos Soares se emocionou com as homenagens. Vice-presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), ela luta contra a dor da perda da filha Nathiele e do genro Alan Raí Rehbein de Oliveira. 

“Enquanto tiver forças vou lutar para que isso não caia no esquecimento”, afirma. Após acompanhar as homenagens na quinta e sexta-feira, Marilene recorreu a medicamentos para aliviar a dor de cabeça causada pelas lembranças daquele dia. “Minha filha saiu para ir a uma boate se divertir e voltou dentro de um caixão”, lembra. “A dor é imensa”, completa. Ela critica as alterações da Lei Kiss, que reduziram as exigências para o funcionamento de edificações de até 200 m² e dispensaram alvará dos bombeiros.

“Foi uma perda de tempo, porque as principais exigências foram retiradas para facilitar a abertura de casas noturnas sem a documentação correta”, avalia. Sentados na via, sobreviventes, familiares e amigos das vítimas davam as mãos em uma demonstração de união e empatia. A vigília se estendeu durante a madrugada desta sexta-feira em frente ao prédio onde funcionava a casa noturna. A homenagem se encerrou às 2h30, no mesmo horário que teria iniciado o incêndio.

Mais cedo, na noite de quinta-feira, um grupo de teatro composto por artistas locais fez uma apresentação em frente à boate. A peça lembrou a alegria dos jovens até o momento da tragédia. O espetáculo se encerra com a mensagem de que as vítimas acompanham a luta dos familiares por justiça. No final da apresentação, os bailarinos entregaram rosas brancas ao público, que se emocionou. 

A AVTSM, em conjunto com o Coletivo Kiss: Que Não Se Repita e o Eixo Kiss do Coletivo de Psicanálise de Santa Maria, preparou uma programação nesta sexta-feira com diversos painéis de discussão e homenagem que irão acontecer na Praça Saldanha Marinho, centro de Santa Maria. Às 13h45min, ocorre a soltura dos balões. A partir das 14h, se inicia o debate Mães y Madres: Kiss e Cromañón com Nilda Gomez (Familias Por La Vida – Argentina) e Mães da AVTSM. Em seguida, às 15h30min, será realizado o painel O Caso Kiss: até quando a justiça vai servir à impunidade?.

Às 17h, ocorre o debate Por que prevenção vale a pena? com o pesquisador chefe do Laboratório de Segurança ao fogo e a Explosões no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Antonio Berto, e o superintendente da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e integrante da Associação Brasileira de Proteção Passiva Contra Incêndio (ABPP), Rogério Lin. Às 19h será realizado 10 anos do ‘‘Kiss: que não se repita” — Apresentação da Campanha ‘Tempo Perdido’.


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