Irmãs donas de imobiliária são alvo de operação que apura desvio de R$ 7 milhões em Porto Alegre

Irmãs donas de imobiliária são alvo de operação que apura desvio de R$ 7 milhões em Porto Alegre

Operação Condominium mira três sócias e dois funcionários de imobiliária no bairro Menino Deus

Marcel Horowitz

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A Polícia Civil deflagrou a Operação Condominium, nesta quarta-feira, cumprindo 21 ordens judiciais contra crimes de estelionato, apropriação indébita e furto qualificado pelo abuso de confiança, supostamente praticados através de uma imobiliária localizada no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão, além de 12 bloqueios de ativos financeiros e de contas.

De acordo com a corporação, o prejuízo das vítimas ultrapassa R$ 7 milhões. 

Segundo o delegado Vinicius Nahan, titular da 2ª DP da Capital, os alvos da ação são as três sócias da empresa — sendo que duas delas são irmãs  — e dois funcionários. Ainda de acordo com o policial, que coordena a operação, o grupo aparece em 172 inquéritos, feitos com base em ocorrências registradas por 188 vítimas, entre condomínios e pessoas físicas. 

Vinicius conta que a imobiliária era responsável por administrar os valores de condomínios em 12 bairros, espalhados entre as zonas Norte e Leste. No entanto, segundo ele, o montante era repassado para o grupo investigado.

"A imobiliária era encarregada de administrar os valores, pagando as contas e gerindo o fundo de reserva desses condomínios", afirma o delegado. "Essas contas foram atrasadas e geraram dívidas. As pessoas pediram explicações sobre esses valores, não obtiveram retorno e, por isso, resolveram nos procurar. Alguns condomínios chegavam a ter mais de 300 mil no fundo de reserva. Quando as vítimas tiveram acesso ao extrato, perceberam que o dinheiro não estava mais lá."

O titular da 2ª DP destaca também que as buscas foram realizadas na sede da empresa, no bairro Menino Deus, e nas residências dos investigados, nos bairros Petrópolis e Bom Jesus. Foram apreendidos R$ 3,9 mil em dinheiro, documentos diversos, três notebooks e seis celulares, além de veículos. O patrimônio bloqueado dos investigados, entre bens móveis e imóveis, chega a R$ 5,4 milhões. 

Durante o cumprimento de um mandado na casa de uma das sócias, os policiais foram alvo de xingamentos. A mulher de 54 anos acabou sendo presa, por desacato, mas foi liberada no final da manhã. Por conta do ocorrido, ela terá que usar uma tornozeleira eletrônica.

A reportagem entrou em contato com Mariju Maciel Advogados Associados, que representa uma das investigadas. O escritório afirma que ela não sabia das irregularidades e que, desde março, não é mais sócia do empreendimento.

Leia a nota completa:

Diante das notícias veiculadas pela imprensa, a assessoria jurídica de Sueli Ivone Fin Gonzales vem esclarecer que, em março de 2023, foi efetivada a retirada da sócia do quadro societário da Imobiliária Menino Deus, por meio de uma medida judicial.
Em fevereiro de 2022, foram constatadas irregularidades praticadas por uma das sócias, sendo realizadas movimentações financeiras de forma irregular e sem a ciência da Sra. Sueli, o que foi imediatamente contestado pela Sra. Sueli e, em razão disso, desde a referida data, ela foi impedida de ter acesso a extratos, movimentações bancárias, senhas e demais informações da empresa, sem qualquer justificativa.

Diante disso, houve o ajuizamento de uma ação judicial em abril de 2022, oportunidade em que a antiga sócia, Sra. Sueli, trouxe a conhecimento da Justiça as irregularidades e requereu a alteração do contrato social, de maneira que fosse exigida a autorização de todas as sócias para a realização de qualquer movimentação bancária.

Ressalta-se, inclusive, que, durante a tramitação daquele processo, foi realizado pedido de afastamento de uma das sócias, em virtude do cometimento de atos contrários a administração da empresa e à lei, no entanto a juíza responsável pelo caso negou tal pleito.
Em razão disso, por não compactuar com os atos praticados, foi realizado pedido pela própria Sra. Sueli de dissolução da sociedade para fins de sua retirada do quadro societário da empresa.

Frisa-se que, desde a sentença judicial que declara a retirada da sócia da empresa proferida em 22.03.2023, a Sra. Sueli não exerce qualquer atividade semelhante a desempenhada pela Imobiliária Menino Deus e, inclusive, as afirmações sobre suposta formação de cartel são totalmente infundados e irresponsáveis, de modo que serão adotadas as medidas judiciais cabíveis em face da injusta imputação de crime.

No que se refere ao mandado cumprido na casa da Sra. Sueli nesta quarta-feira (25), estamos bem tranquilos, inclusive sempre houve o interesse pela Sra. Sueli em auxiliar no que for possível para a investigação, pois jamais esteve em concordância com qualquer desvio de conduta das sócias, de modo que não é responsável pelos fatos que estão sendo apurados pela Polícia.

Mariju Ramos Maciel – OAB/RS 58.335

Renata Chagas Medeiros – OAB/RS 121.054

Rafaella Pinheiro Proença – OAB/RS 110.826


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