Jovem acusado de atear fogo na namorada vai a júri popular em julho
Vítima teve 47% do corpo queimado; caso aconteceu em novembro de 2016, em Lindolfo Collor, no Vale do Sinos
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O homem, de 24 anos, aguarda o julgamento preso em regime fechado. Ele foi detido em fevereiro de 2017, três meses após o crime que chocou a comunidade do Vale do Sinos. O advogado dele, Anderson Roza, disse que “temos muitas questões a serem reveladas e esclarecidas no julgamento”. A defesa, que é formada ainda por Jean Severo, avalia que a audiência será complicada para os dois lados, mas que espera que “toda a verdade seja rigorosamente esclarecida”.
O caso aconteceu em novembro de 2016, quando o suspeito teria envenenado Bárbara Hoelscher, de 26, e ateado fogo nela em uma residência em Lindolfo Collor, no Vale do Sinos. A vítima teve 47% do corpo queimado e já passou por quatro cirurgias. Ela deve enfrentar ainda cerca de 20 procedimentos de reparação e mais alguns estéticos.
A advogada da vítima, Caterine Cristiane Rosa, acredita ainda que o julgamento será tranquilo no ponto de vista processual, “mas muito difícil para a vítima que precisa reviver todo o horror do dia 10 de novembro de 2016, reviver toda a dor, o sofrimento, os traumas e as marcas desse crime bárbaro”.
Caterine ressaltou ainda “não podemos mais admitir que a sociedade veja as mulheres como culpadas pelas violências que sofrem. Vítimas serão sempre vítimas, e agressores serão sempre os algozes. Ninguém joga fogo em outro ser humano, senão tiver genuinamente a intenção de matar”.
Em conversa com o Correio do Povo, Bárbara disse que recebeu a informação do julgamento de sua advogada e que está preparada para encarar o ex-namorado frente a frente, pois não tem nada a temer. Apesar disso, ela confessou que não queria ver o acusado. “Acho que eu, como vítima, poderia ser privada disso”.
“Eu espero que ele seja condenado e pague por tudo que ele fez. Porém, para mim, não deixa de ser mais uma etapa do processo, porque o que eu passei, passo e ainda vou passar não vai mudar. E as minhas marcas também não vão se apagar”, disse.
Após quase dois anos do fato, Bárbara tenta levar uma vida normal. Mas todas as atividades precisam ser organizadas conforme o tratamento. Ela participa de um projeto da Universidade Feevale, onde faz fisioterapia e dermato funcional. Na Faculdade da Ulbra, ela frequenta um projeto para restaurar a parte estética. Além disso, precisa ir na academia para fazer alongamentos, “para que minha pele tenha mais elasticidade”.